Pontos Principais
- Preocupações sobre a produtividade agrícola do CS Brasil são destaque após clima seco no 1T.
- A moagem em 2024/25 será menor, isso é fato.
- Mas o mix conseguiria compensar o menor volume de cana?
As manchetes geralmente tentam chamar a atenção usando afirmações grandiosas, muitas vezes não refletindo a verdadeira história escrita nas matérias. Isso é algo a se atentar nos artigos que devem ser publicados nos próximos meses sobre o desenvolvimento do canavial no CS Brasil. Nos perguntamos o que vai dominar as notícias: menos cana ou forte produção de açúcar?
Menos Chuvas
O primeiro trimestre do ano está praticamente concluído, e podemos agora confirmar que neste período as chuvas ficaram mais de 60% abaixo da média histórica.
É o pior volume de chuvas da última década. A culpa é do El Niño? Em parte, sim. Contudo, como o CS é uma zona de transição, em anos de ocorrência do El Niño o impacto não é tão direto.
Olhando o gráfico acima, pode-se pensar que uma catástrofe é iminente para a cana do CS em 2024/25. Contudo, não podemos esquecer que o ponto de partida é recorde…
Recorde
O ano passado foi a tempestade perfeita. Não só as chuvas foram excelentes no 1T, mas ao longo do ano a distribuição das chuvas foi favorável ao desenvolvimento da cana. Com isso, a produtividade agrícola atingiu uma média de quase 88 toneladas de cana por hectare (tc/ha), o que é um recorde para o CS Brasil.
Então, mesmo com chuvas mais baixas neste trimestre o ponto de partida para produtividade agrícola já é extremamente alto. Nossa avaliação inicial aponta para uma queda de TCH (toneladas de cana por hectare) em torno de 7%, para 82tc/ha. Nesse nível, a moagem em 2024/25 poderia facilmente atingir 610 milhões de toneladas.
Assumindo um impacto maior, mais de 10% de redução no TCH, a moagem poderia cair para 580 milhões de toneladas. Isso seria 70 milhões de toneladas menor que na temporada anterior. A única outra vez que vimos tal oscilação na moagem foi de 2020/21 para 2021/22.
Mas mesmo com essa enorme redução no volume processado, deveríamos esperar o mesmo para a produção de açúcar?
Investimentos em Capacidade de Cristalização
O açúcar tem oferecido retornos maiores do que o etanol desde 2022. E desde então, a cada mês essa diferença aumentou. Desde o início da temporada 2023/24, essa diferença não é inferior a 500 pontos (5c/lb).
As usinas têm investido no aumento da capacidade de cristalização desde 2022. Seja adicionando indústria de açúcar às destilarias existentes ou investindo em melhorias para aumentar a flexibilidade de produção de açúcar. Discutir em termos de volume de açúcar é complicado porque vai depender do volume de cana moída.
Mas uma coisa é certa, parte dos investimentos já foi aplicada na safra passada. O mix de açúcar passou de 45,85% em 2022/23 para 48,81% em 2023/24. E isso com um volume recorde de cana … aliás, fazendo um exercício simples, se o volume de cana fosse de 590 milhões de toneladas, para produzir a mesma quantidade de açúcar o mix de açúcar teria sido de quase 53%.
Ressaltamos que este é um exercício extremamente simplificado sobre a produção no CS Brasil, existem outras variáveis como ATR, ritmo de operações, dias perdidos, etc.
O Suficiente Para Compensar Menos Cana?
Uma coisa é certa, nesta temporada o CS Brasil tem menos cana disponível. No entanto, ainda mais investimentos foram feitos no ano passado para entrar em operação nessa nova temporada, portanto um mix de açúcar mais elevado é uma realidade. Seria suficiente para compensar uma moagem menor?
Acreditamos que, considerando os investimentos realizados em capacidade de cristalização nos últimos anos, dependendo do volume de cana moída, existe o risco de a CS Brasil estabelecer outro recorde na produção de açúcar.
Quais serão as manchetes? Menos cana ou mesmo açúcar?