Pontos Principais
- Evento da Pecege Consultoria e Projetos mostra que os custos da cana caíram 15% no CS do Brasil.
- A queda nos preços de fertilizantes e do diesel contribuíram para isso.
- Resultados da temporada 2023/2024 não devem se repetir na safra 2024/2025.
Depois de duas safras consecutivas com aumento de custos, o produtor de cana-de-açúcar do Centro-Sul finalmente conseguiu respirar na temporada 2023/2024.
“A retração nos preços foi um fator que contribuiu bastante para a temporada especial que tivemos em 2023/2024”, disse Haroldo Torres, sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos, durante a “Expedição Custos Cana”. O evento, que contou com palestras e debates, foi realizado em Piracicaba, no interior de São Paulo, no final de fevereiro.
O produtor desembolsou cerca de 15% a menos do que na safra 2022/2023, segundo dados apresentados pelo Pecege durante o evento, que reuniu cerca de 400 produtores rurais e empresas.
O custo de produção da cana ficou em cerca de R$ 13.057 por hectare. Desses, R$ 3.577,44 foram direcionados a tratos culturais da cana soca e R$ 3.476,54 foram utilizados com a colheita, transbordo e transporte (CTT).
Os gastos com formação do canavial registraram uma pequena queda, passando de R$ 16.742 por hectare, em média, para cerca de R$ 16.297.
Além disso, a redução no preço dos insumos e do diesel foi importante para a composição de custos dos tratos de cana soca, que caíram 10,5% em relação ao ciclo anterior.
Além da queda do preço do diesel, a normalização dos custos de manutenção de peças de máquinas e pneus contribuíram para a queda dos custos com corte. Assim como a elevação da produtividade, que ajudou a diluir custos.
A combinação de todos esses elementos levou a uma redução de 17,3% nos custos de operação na safra 2023/2024, segundo levantamento do Pecege.
Um padrão semelhante foi observado no transporte da cana. Na safra 2023/2024, os produtores desembolaram em média R$ 12,77 por tonelada para transportar a produção, enquanto na temporada anterior foi registrado um valor médio de R$ 15,02 por tonelada.
A queda dos preços dos fertilizantes foi outro ponto importante. Enquanto na safra 2022/2023 os gastos com esse tipo de insumo representaram 14,6% de todo o custo agrícola, na temporada 2023/2024 esse valor caiu para 11,7%.
Expectativas para a safra 2024/2025
O preço dos insumos, que afetou de modo negativo as safras anteriores principalmente em função da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia, deve se manter estável. Além disso, deve haver uma menor pressão sobre o arrendamento de terras por causa de uma menor competição com o cultivo de grãos.
Em relação à mão-de-obra, outro ponto levantado durante o evento, é esperado um aumento salarial em linha com a inflação. “Com uma expectativa de uma produtividade menor, no entanto, os ótimos resultados de 2023/2024 não devem se repetir”, analisou Torres durante o evento.