Pontos Principais
- O relatório WASDE de fevereiro confirmou ampla oferta global de grãos.
- Os mercados de grãos caíram devido a números de produção acima do esperado.
- Com um mercado bem abastecido, os preços parecem fundamentalmente baixistas.
O relatório WASDE de Fevereiro divulgado na semana passada reconfirmou a ampla oferta de grãos, o que resultou em mais uma semana negativa para todos os grãos em todas as geografias. O mercado esperava números negativos do WASDE e negociou em baixa durante a primeira metade da semana. Continuou a cair após a publicação, uma vez que as projeções ficaram abaixo das expectativas.
Houve também um início de semana negativo nos EUA devido às inspeções de exportação terem sido inferiores ao esperado e a quantidade de milho norte-americano que enfrenta condições de seca caiu, pressionando ainda mais o mercado.
A ampla oferta mundial deverá continuar a pressionar os preços, mas o foco agora está nas condições climáticas e nas colheitas no Brasil e na Argentina, o que deverá proporcionar algum apoio a curto prazo. A considerável venda líquida de fundos de especificação deixa os preços vulneráveis à subida, com qualquer sinal de menor produção na América do Sul a desencadear uma recuperação.
Mas o mercado deve ser limitado pela ampla oferta. Não há alterações em nossa previsão de milho de Chicago para a safra 2023/24 (setembro/agosto), para uma média na faixa de US$ 4,15/bushel a US$ 4,4/bushel. O preço médio desde 1º de setembro está em US$ 4,69/bushel.
Projeções de Ações Mais Altas Pesam nos Preços
O relatório WASDE de fevereiro mostrou os estoques finais de milho dos EUA em 2,172 bilhões de bushels, acima dos 2,14 bilhões de bushels esperados e acima dos 2,162 bilhões de bushels projetados no relatório WASDE de janeiro.
Fonte: USDA
Os estoques mais elevados vieram da menor procura de alimentos, sementes e indústria. O mercado esperava estoques mais baixos, pelo que os preços apresentaram uma tendência negativa após a publicação.
No relatório WASDE, os estoques globais de milho foram revistos em 3,16 milhões de toneladas para baixo, para 322 milhões de toneladas, devido quase inteiramente à menor produção no Brasil, que está agora prevista em 124 milhões de toneladas contra 127 milhões de toneladas anteriormente.
O México também viu uma revisão em baixa, de 500.000 toneladas. Ainda assim, trata-se de um estoque de 22 milhões de toneladas da safra 2022/23, que tinha estoques finais de 300,25 milhões de toneladas.
Fonte: USDA
É importante ressaltar que a Companhia Nacional de Armazenamento do Brasil (Conab) reduziu sua previsão de produção de milho para 113,6 milhões de toneladas, de 117,6 milhões de toneladas, o que representa consideráveis 10,4 milhões de toneladas abaixo dos 124 milhões de toneladas esperados pela WASDE.
Fonte : Conab
Na Argentina, o BAGE registrou preocupações com a produtividade do milho devido a uma onda de calor que impactou negativamente as condições da cultura. O milho argentino está praticamente totalmente plantado, mas a condição deteriorou-se para apenas 31% de bom ou excelente contra 34% na semana anterior.
A safra de milho de verão no Brasil está agora 13,8% colhida contra 9,1% no ano passado. O plantio da Safrinha está 19,8% concluído, acima dos 10,7% registrados no ano passado.
Amplos Estoques Globais de Trigo
Mais uma vez, houve um início de semana negativo nos EUA para o trigo devido aos números das inspeções de exportação terem sido inferiores ao esperado.
O relatório WASDE de fevereiro projetou aumento dos estoques finais dos EUA para a safra 2023/24. O aumento de 10 milhões de bushels para um total de 658 milhões de bushels provém da menor procura de alimentos.
Fonte: USDA
O mercado esperava um carregamento de 646 milhões de toneladas, portanto houve uma ação negativa nos preços após a publicação.
Os estoques finais globais foram revistos ligeiramente para baixo em 590.000 toneladas, para 259,4 milhões de toneladas, mas o quadro geral é uma redução anual dos estoques de 11,7 milhões de toneladas. Isso se deve ao elevado carregamento de 271,2 milhões de toneladas da safra 2022/23.
Fonte: USDA
A produção foi revisada para cima em 830.000 toneladas, com 500.000 toneladas acima na Argentina, em 15,5 milhões de toneladas, 300.000 toneladas abaixo na UE, em 134 milhões de toneladas, e 300.000 toneladas abaixo no Brasil e outras 300.000 toneladas abaixo no Reino Unido.
Fonte: USDA
Os Fundamentos Favorecem o Mercado Baixista
O relatório WASDE da semana passada simplesmente confirmou o que já sabemos: temos uma ampla oferta de cereais, com estoques globais combinados a aumentarem 23,1 milhões de toneladas ano após ano. A redução de estoques projectada de 11,2 milhões de toneladas de trigo é mais do que compensada por aumentos de estoques no valor de 21,8 milhões de toneladas de milho e 12,5 milhões de toneladas de soja.
Há um ar de cautela em torno dos números da produção do Brasil, uma vez que o número de milho da Conab difere em consideráveis 10 milhões de toneladas daquele do USDA. Se as projeções da Conab estiverem corretas, isso reduziria o aumento dos estoques globais de 23,1 milhões de toneladas para 13,1 milhões de toneladas. Isso deixaria o mercado mais apertado, mas ainda superavitário.
No que diz respeito ao clima, espera-se que Argentina e Brasil voltem a receber chuvas, o que é muito necessário em ambos os países. Prevê-se que as temperaturas nos EUA continuem acima dos níveis médios, pelo que o derretimento da neve continuará, o que é positivo para a humidade do solo. A Europa espera chuvas e temperaturas mais frias que o normal.