Pontos Principais
- Preço do açúcar compensa a queda do etanol em julho.
- Valor acumulado do kg do ATR permanece praticamente inalterado mês passado, ficando em BRL 1,2158/kg
- Perspectiva para o preço do ATR no final da safra sofre com defasagem da gasolina – leia abaixo e entenda.
Açúcar oferece suporte para preço de ATR mais uma vez
O cálculo do preço do ATR envolve a cesta de produtos derivados da cana e seus respectivos preços, de acordo com a metodologia aplicada pelo Consecana. E o maior peso é justamente do açúcar bruto.
Para o ATR calculado de julho, o preço considerado do No.11 (açúcar bruto NY) é a média dos 3 meses anteriores à expiração – para mais detalhes acesse nosso explicativo.
E justamente durante esse período, o açúcar bruto se manteve por volta de 25c/lb – alta de 4% em relação ao mês anterior.
Infelizmente o mesmo não pode ser dito para etanol…
A falta de demanda, causada pela gasolina artificialmente baixa, combinada ao aumento da oferta – resultado de uma safra que se desenha para ser recorde – acabou pressionando o preço de etanol além do esperado. De junho para julho, o preço na usina (líquido de impostos) caiu BRL0,4/litro indo para BRL2,16/litro – queda de 15% em apenas um mês. Como o etanol hidratado tem o segundo maior peso no cálculo do ATR, quedas no preço acabam tendo um impacto significativo.
Ainda assim, o preço do ATR acumulado de julho se manteve quase inalterado em relação ao mês anterior, fechando em BRL 1,2158/kg – de novo, graças ao açúcar e a uma leve desvalorização cambial.
As curvas acima podem ser vistas no painel Preços de Cana Centro Sul Brasil.
A expectativa para o preço acumulado do ATR em março de 2024 caiu BRL0,04/kg, desde o mês passado, para BRL1,2281/kg. Ainda assim, acima de 2022/23.
A razão por trás da queda continua ser infelizmente a perspectiva negativa para preços de etanol.
Difícil subir
Passadas todas as mudanças tributarias que ocorreram desde janeiro, o que pressiona o mercado de etanol hoje é a defa sagem de preços da gasolina doméstica em relação à internacional.
O último reajuste de preços feito pela Petrobras foi em julho. E ainda assim, foi uma redução em um momento que a gasolina doméstica (refinaria) já estava abaixo da referência internacional
Na verdade, desde meados de maio que vemos uma defasagem de preço – e só tem aumentado. A ABICOM (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) calcula que a gasolina doméstica está BRL 0,77/litro abaixo da paridade de importação. O Ministro de Minas e Energia disse recentemente que os preços estão no limite para um reajuste, mas não ficou claro se o limite é o tamanho da defasagem ou o tempo (mais de 80 dias e contando).
A título de exercício, se a Petrobras zerasse essa defasagem, o preço do etanol na usina poderia subir para BRL 2,8/litro sem afetar a competitividade do biocombustível. Uma alta de 33% em relação ao preço de hoje na usina.
Consequentemente, seria positivo também para o nível de preço do kg do ATR, que teria potencial para ficar próximo BRL 1,3/kg ao final de março de 2024…