Pontos principais

  • Disponibilidade recorde de cana no Centro-Sul do Brasil.
  • O clima determinará se a safra toda será processada.
  • Se for concluída, a produção de açúcar poderá superar nossa previsão atual de 38,2 milhões de toneladas.

Centro-Sul (CS) do Brasil é a maior região canavieira do mundo. A safra deste ano começou em ritmo acelerado, apesar do clima úmido em abril. A produção de açúcar em meados de junho foi de 9,5 milhões de toneladas, a segunda maior já registrada, atrás apenas de 2020/21. Naquele ano, o CS produziu 38,4 milhões de toneladas de açúcar.

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Mas o mais interessante até agora é o ritmo acelerado em que as usinas estão moendo. Considerando o volume de cana e os dias de operação, na segunda quinzena de maio o CS registrou a maior moagem diária em mais de uma década. Se isso continuar, quanto a mais a região consegue moer?

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A disponibilidade de cana não será um problema nesta safra. De acordo com a UNICA (União da Cana-de-Açúcar e Bioenergia), a produtividade agrícola em maio atingiu 95 ton/ha! Isso foi resultado da maior participação de cana de primeiro corte, que tende a ter um TCH (tonelada de cana por hectare) mais alto, mas ainda é um número impressionante. É claro que isso não será o caso para o restante da safra, já que o TCH tende a diminuir à medida que a safra avança.

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Dependendo de como a produtividade agrícola se comportar nos próximos meses, o CS pode ter uma disponibilidade de cana semelhante à safra de 2015/16. Aquele ano também foi marcado por chuvas, e a região não conseguiu moer toda a cana, deixando uma grande quantidade nos campos para a próxima safra. Na verdade, até o final de dezembro, as usinas haviam processado 588 milhões de toneladas, 4 milhões de toneladas a menos do que esperamos para esta safra.

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Como sempre, o clima desempenhará um papel crucial. Se os próximos meses forem mais chuvosos do que o normal, as usinas serão obrigadas a parar e aguardar os campos secarem antes de retomar as operações. No pico da safra, cada dia perdido resulta em 220 mil toneladas a menos de produção de açúcar. Esse é um volume que pode não ser possível recuperar no final da safra, quando o período de chuvas começa.

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Em resumo, o que importa este ano é o comportamento do clima, precisa ser seco para permitir que a grande disponibilidade de cana seja moída.

Ainda assim, revisamos nossa projeção devido ao ritmo de moagem e ATR melhor que o esperado. Veja abaixo nossas novas estimativas:

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Ana Zancaner

Ana graduated from Insper University Sao Paulo in 2013, with a bachelor’s degree in business administration. She joined CZ as an intern in 2013 and is now our senior analyst in our Sao Paulo office. At CZ she is responsible mainly for analysis of the Brazilian sugar and ethanol sector but supporting other consulting requests as well.

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