Pontos Principais
- As exportações de soja foram mais lentas que o esperado até agora, para uma safra recorde.
- O ritmo das exportações de açúcar também começou devagar.
- A descida do milho começa esse mês; seria a calmaria antes da tempestade?
Analisando os níveis de frete de açúcar do interior de São Paulo para Santos, vemos que os preços caíram desde o pico de março. Isto não é o que se espera acontecer em uma temporada de safras recordes de grãos e açúcar.
Um fator explica esse comportamento: o preço do diesel caiu 21% desde abril. Como o preço do combustível representa por volta de 40% da composição do frete, qualquer redução no valor tem um impacto na tarifa – inclusive a ANTT recentemente divulgou uma redução no piso mínimo do frete.
Fonte: Bloomberg
A segunda razão é o fluxo de exportação de soja, que até maio foi 70% do volume total esperado para 2023 e mais baixo que o normal. De acordo com o IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), a curva de comercialização da soja no MT (responsável por 30% da produção nacional de soja) estava em 66% até o final de maio, muito menor que os 85% esperado para essa época do ano. Com os produtores esperando preços de soja mais altos, a venda do grão está um tanto atrasada e pode estar impactando o fluxo de exportações visto até agora.
Outro fator é o ritmo lento das exportações de açúcar. Com o início da safra atrasado pelas chuvas de abril, a produção de açúcar apenas engrenou no mês passado.
Portanto, o fluxo intenso esperado para o começo da safra não ocorreu, deixando os terminais operando a uma eficiência menor. A pressão não começou ainda …
Esperando a Tempestade?
Fonte: Conab
Agora o Brasil começou a colher o milho safrinha, um nome pouco adequado atualmente já que esta safra é responsável por 76% da produção total de milho nacional. A estimativa para este ano é uma produção de 96mi toneladas. O ritmo da colheita está um tanto atrasado, até agora 0.7% foi colhido nos principais estado produtores vs. 3% registrado ano passado.
Com o Brasil exportando 40% da produção de milho, 48mi toneladas devem descer para os portos nos próximos meses. E desse total, 43% saem de Santos.
A pressão deve aumentar nas próximas semanas, quando o milho desce para os portos (impacto nos fretes rodoviários) e para exportação (impacto nas operações dos terminais e logística do açúcar). Baseado nas nossas curvas de exportação, acreditamos que a competição entre açúcar e grãos deve perdurar até setembro, no mínimo.