Pontos Principais

  • Aplicativo conecta transportadores autônomos e empresas em busca de frete.
  • Fundador do aplicativo fala também sobre as razões para a alta do frete no Brasil.
  • Mais de 60% do transporte de carga é feito por rodovias.

Com mais de 4,2 milhões de caminhoneiros e quase 2 milhões de quilômetros de estradas, o Brasil possui um dos maiores corredores logísticos mundiais no sistema rodoviário. E o fluxo de caminhões têm crescido. Nos últimos 20 anos, o aumento do tráfego de veículos pesados nas estradas foi da ordem de 60%, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) – a maior parte da toda a mercadoria comercializada no Brasil segue pelas rodovias.

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Mesmo com a crescente digitalização no p aís, a contratação de frete ainda acontece, em grande parte, de forma analógica – não raro, as operações são fechadas por telefone. E, muitas vezes, o motorista tem dificuldade em encontrar viagens para a ida e a volta, o que reduz a produtividade (o rendimento médio mensal do caminhoneiro é de cerca de R$ 4 mil). O aumento da inflação, que chegou a 0,84% em fevereiro, diante de 0,53% em janeiro, é outro desafio, com impactos diretos sobre o preço do frete. 

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“Há uma demanda por tecnologia que otimize o transporte de carga e reduza custos”, diz Vanderlei Marques, fundador e CEO do Trato, aplicativo que conecta motoristas e empresas em busca de frete.

O negócio nasceu como uma startup da VLI, uma das maiores empresas de logística do país, em 2018 – Marques, na época, era head de inovação e desenvolvimento de novos negócios da companhia. Em pouco tempo, o empreendimento ganhou voo solo.

Hoje, há quase 130 mil motoristas cadastrados. Em 2022, quase 23 milhões de toneladas de carga foram transportadas por meio de negócios fechados no aplicativo, 26,8% a mais do que em 2020. O perfil dos caminhoneiros segue o padrão brasileiro, com predominância de homens que completaram o ensino médio.

 

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Leia, a seguir, a entrevista com Marques, em que ele discute os impactos do aumento do frete e os avanços tecnológicos do aplicativo.

 

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Vamos começar falando sobre o frete. Por que ele tem aumentado nos últimos meses se o preço do diesel caiu 6,7% desde o início do ano?

É verdade que o diesel responde por 30% dos custos do caminhoneiro. Mas precisamos levar em conta que outros custos subiram, como o preço dos pneus. A manutenção do caminhão também ficou mais cara. Além disso, a inflação em geral pesa no bolso do caminhoneiro. Há ainda a questão do financiamento do caminhão que, com os juros mais altos, fica mais oneroso. Temos também a super safra de soja, que impacta o preço do frete. Enfim, há uma série de fatores.

O governo anunciou recentemente o fim da isenção da cobrança de impostos de importação sobre os pneus, que é da ordem de 16%. Isso também deve pesar no bolso do caminhoneiro?

Sim, qualquer aumento de custo exerce um impacto.

Em relação ao custo do financiamento, não há indícios no momento de que a taxa de juros vá abaixar no Brasil, já que a inflação continua alta, certo?

Pois é, por enquanto não existe essa sinalização mesmo. Então, o custo do financiamento do caminhão deve continuar nos patamares atuais.

E quais mecanismos têm sido usadas pelo mercado como proteção ao aumento do custo do frete?

A VLI tem parcerias com algumas transportadoras e usinas para fazer o hedge, para a safra toda. Mas para as usinas que querem contratar só o transporte rodoviário, não há muito o que fazer.

Vamos falar agora sobre o aplicativo Trato, que você criou quando estava na VLI. Quais são as novidades?

O Trato foi criado dentro da VLI e ganhou asas próprias. Fizemos uma parceria estratégica com a Accenture e em 2023 vamos crescer bastante. Temos diversos clientes em grãos, fertilizantes e outros produtos do agro. Neste ano devemos começar a trabalhar com combustível. Temos parcerias com transportadoras e motoristas autônomos para fazer esse serviço. Esse é um bloco do aplicativo, mas temos um outro que também está crescendo muito.

Você se refere à funcionalidade criada para conectar caminhoneiros e empresas em busca de frete?

Sim. Um bloco muito importante do aplicativo é o agendamento do transporte de carga feito dessa forma, que está se expandindo. É uma solução para facilitar a contratação de frete pelo caminhoneiro e as empresas. O transportador autônomo faz um cadastro, em que ele disponibiliza dados como as características do caminhão, uma foto pessoal de perfil e informações como RG, CPF e carteira de habilitação. Ele pode escolher o frete no aplicativo, além do horário para carregar a mercadoria. Se o cliente se interessar, eles fecham negócio na plataforma.

Como funciona o processo de agendamento?

Através do aplicativo, o motorista de caminhão pode escolher quando ele vai descarregar e carregar. Ele também consegue acessar a disponibilidade de viagens para a volta, o que é importante para aumentar a produtividade. É uma tecnologia que está evoluindo bastante. Se o cliente gostar do motorista, eles fecham negócio na plataforma.

Vocês estão testando novas funcionalidades para o aplicativo?

Sim, devemos ter novidades para este ano. Estamos estudando os hábitos dos caminhoneiros no que diz respeito à utilização de aplicativos e novas tecnologias, que ainda não é algo tão disseminado nesse segmento. A partir dessa análise, vamos lançar funcionalidades que sejam bastante adequadas ao perfil e necessidades do transportador autônomo. Uma delas tem a ver com a possiblidade de receber pagamentos e fazer transferências pelo aplicativo.

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Carla Aranha

Carla joined CZ in 2022 having previously worked at Exame and Valor, leading economic media outlets in Brazil, where she developed projects and news coverage focusing on the agribusiness and commodities markets. Carla is responsible for writing content, providing interesting article´s subjects and reports as well as producing press releases together with the marketing team.

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