A Lei de Redução da Inflação (IRA) de Biden é Benéfica para o Etanol dos EUA?
No início deste mês, os EUA aprovaram um projeto de lei chamado Lei de Redução da Inflação (IRA), que era a principal prioridade do presidente dos EUA, Joe Biden. O objetivo do projeto de lei é reduzir o déficit dos EUA e fazer investimentos significativos em saúde, produção de energia doméstica e combater as mudanças climáticas.
A lei destinará US$ 369 bilhões de seu total de US$ 430 bilhões para investimentos diretos em segurança energética, redução de emissões de carbono e promoção da inovação no setor de energia.
O setor de etanol recebeu uma pequena fatia do bolo fiscal na forma de US$ 0.5 bi para a infraestrutura para E15 (15% etanol) e E85 (85% etanol). A indústria norte-americana há muito tempo reclama da falta de postos de gasolina com misturas mais altas de etanol. Isso impediu que os EUA superassem o “blend wall” – a ideia de que não é viável para os EUA misturar mais de 10% de etanol.
Os postos que oferecem E85 aumentaram nos últimos anos como resultado de fabricantes de automóveis construindo mais veículos flex-fuel (FFV). No entanto, na última década, o número de bombas E85 aumentou em média apenas 6% ao ano.
Apesar do número limitado de postos de abastecimento e da proibição de venda de misturas superiores a E10 no verão (devido à poluição atmosférica), as vendas de etanol têm aumentado na última década. As vendas de etanol no ano passado totalizaram 52,8 bilhões de litros, ainda 4% abaixo dos níveis pré-pandemia.
Se os EUA conseguissem aumentar a mistura de etanol em até 15% como resultado da nova lei, o consumo de etanol subiria para 81 bilhões de litros.
Atualmente, a quantidade de milho utilizada para a produção de etanol é a segunda maior já registrada, com 130 milhões de toneladas. Se o consumo de etanol subir para 81 bilhões de litros, o milho desviado para a produção de etanol precisaria ultrapassar 190 milhões de toneladas – tornando-se o principal uso.
Mas qual a probabilidade de isso acontecer? Embora a lei ofereça alguns benefícios ao setor de etanol, parece que seu foco principal, assim como o do governo, é migrar a frota de carros para elétricos.
Até as montadoras estão investindo mais em tecnologias elétricas, com 83 modelos oferecidos em comparação com 25 tipos de FFV.
Não apenas isso, até mesmo a EIA (Energy Information Administration) prevê que as vendas de FFV permanecerão um pouco estagnadas nos próximos 25 anos, enquanto as vendas elétricas devem triplicar.
E ainda assim, com todo esse movimento para o elétrico, a projeção de longo prazo do EIA ainda prevê que a gasolina deve permanecer como o combustível predominante.
Ainda que a projeção de longo prazo do EIA pareça desanimadora para as misturas maiores de etanol nos EUA, com a gasolina sendo a principal fonte de energia para o setor de transporte a demanda de etanol deve crescer numa média anual de 0.6% nos próximos anos.
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