- Governo brasileiro propõe mais cortes de impostos para baixar os preços dos combustíveis
- Mudanças propostas podem ser implementadas no próximo mês.
- A medida pode pressionar os preços do etanol e do açúcar.
O governo brasileiro está propondo isenção de Cide e PIS/COFINS para gasolina e etanol até o final do ano.A medida vem em cima de um teto do ICMS sobre combustíveis, que vemos como potencialmente baixista para os preços de açúcar e etanol.
Independentemente de você entender as últimas propostas como uma ferramenta anti-inflacionária ou o presidente Jair Bolsonaro começando cedo sua campanha de reeleição, o fato é que elas podem pressionar ainda mais o etanol e, por sua vez, os preços do açúcar
O preço doméstico do combustível concorrente, a gasolina, é fundamental para qualquer discussão sobre o mercado brasileiro de etanol. Qualquer aumento nos preços da gasolina prejudicaria as metas anti-inflacionárias dos cortes de impostos propostos.
Na semana passada, a diferença entre os preços domésticos e internacionais da gasolina foi superior a 20%. Em março, a última vez que isso aconteceu, a Petrobras elevou os preços da gasolina em 18%, levando o preço na refinaria a um recorde de R$ 3,86 (US$ 0,79) o litro. Desde então, a companhia deixou os preços inalterados.
Em circunstâncias normais (ou seja, sem inflação alta e pressão política), esperaríamos um aumento nos preços da gasolina até o final desta semana.
Embora os altos preços dos combustíveis fósseis sejam geralmente positivos para o etanol porque permitem que seu preço suba sem perder competitividade, desta vez a Petrobras pode não ter a força política de continuar sua política de preços pró mercado ou pode estar aguardando a implementação dos cortes de impostos antes de elevar seus preços.
Mudança na Proposta
Além da mudança do ICMS, senadores junto com o setor sucroalcooleiro tentam propor uma emenda constitucional (PEC) que visa manter a “competitividade do etanol”. Isso significaria que, se os impostos sobre a gasolina fossem reduzidos, os impostos sobre o etanol também precisariam ser reduzidos. Nesse caso, um aumento do ICMS para o etanol no estado de São Paulo não é mais um risco.
Segundo fontes, a pressão da UNICA e das usinas pela “PEC do etanol” tem sido forte. Resta saber se será eficaz.
As incertezas sobre as mudanças nos impostos sobre os combustíveis estão dividindo as usinas, com algumas permanecendo otimistas sobre os preços do etanol, enquanto outras estão considerando fazer hedge para etanol – não é uma prática comum devido à baixa liquidez e preços de etanol sofrerem na pratica um desconto em relação à curva da BMF.
Além disso, o governo federal propôs zerar o PIS/COFINS e a Cide (impostos federais) sobre gasolina e etanol para contribuir para a redução dos preços dos combustíveis.
Os impostos federais poderão ser zerados a partir de 1º de julho, enquanto as alterações do ICMS poderão ser votadas pelo Senado hoje.
Novos Cenários
Se as mudanças tributárias forem aprovadas, os preços nas bombas podem cair entre 11% e 25% (no estado de São Paulo), dependendo do cenário.
Quanto aos produtores, com as reduções adicionais dos tributos federais, rodamos outros dois cenários. E ambos são baixistas para o etanol.
Comparando os preços atuais do etanol com as mudanças propostas, o piso do etanol para o preço do açúcar pode ficar 400 pontos menor.
Fonte: Czapp
Isso não leva em consideração qualquer (possível) intervenção do governo nos preços dos combustíveis da Petrobras, o que poderia tornar o sentimento do mercado ainda mais baixista. Uma simples proposta de mudança tributária no Brasil trouxe um outro nível de risco negativo para o mercado de açúcar.
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