Introdução

A produção de grãos no Brasil já é responsável por mais de 50% do agronegócio nacional. É, portanto, essencial na economia. O milho é a segunda cultura mais importante na produção agrícola brasileira, atrás apenas da soja.  por mais de 50% do agronegócio nacional. É, portanto, essencial na economia. O milho é a segunda cultura mais importante na produção agrícola brasileira, atrás apenas da soja. 

No início da história do país, o milho era utilizado para alimentação humana. Com o tempo, ganhou mais importância como ração animal, além de ser estratégico para a segurança alimentar nacional.

O milho brasileiro é conhecido no mercado pela sua boa qualidade. O Brasil abastece diversos países durante a entressafra dos Estados Unidos (o Brasil é o maior exportador de milho do mundo).

Cultivo

Atualmente o milho é cultivado em praticamente todo o território brasileiro.

Embora o milho seja resistente às mudanças climáticas, ele também precisa de calor e da umidade certa para crescer adequadamente. O risco é que, durante a fase de floração (cerca de 65 dias), o milho não encontre água suficiente para crescer. Isso afetará o resto do ciclo de crescimento e resultará numa colheita danificada.

O sistema de plantio do milho pode variar de região para região, considerando as diferentes realidades que podem ser encontradas no Brasil. Segundo dados do IBGE, cerca de 60% das fazendas de milho no Brasil consomem o grão diretamente na propriedade. Apesar disso, esta parcela representa menos de 25% da produção nacional, o que evidencia a grande dualidade entre os tipos de produção de grãos.

Embora existam regiões onde são utilizadas tecnologias avançadas, como mecanização do plantio, aplicação de agrotóxicos e melhoramento genético, também existem pequenas propriedades rurais com pouca ou nenhuma tecnologia e mais dependência das condições climáticas.

Um dos sistemas de plantio mais populares é conhecido como plantio direto. É muito utilizado na região central do Brasil na produção da segunda (e maior) safra de milho, pois permite melhor rotação entre soja e milho. Esse sistema consiste no plantio em solos cobertos por resíduos vegetais, onde somente o local onde serão colocadas as sementes é preparado com arado.

Este sistema é popular entre os produtores porque diminui a erosão do solo, melhora a concentração de umidade e a retenção de nutrientes do solo, melhorando significativamente a produtividade quando combinado com o controlo de ervas daninhas e pragas. Na última década, o uso desse sistema nos campos brasileiros aumentou mais de 85%.

Safras Brasileiras de Milho

O cultivo do milho no Brasil ocorre em 2 ou até 3 épocas de colheita diferentes:

O clima no Brasil torna possível o cultivo de três safras de milho. Por se tratar de uma cultura que exige um clima mais quente, a produção está vinculada aos períodos de primavera e verão. Apesar disso, dependendo das condições climáticas, o milho também pode ser cultivado durante o inverno em países como Brasil e México, onde mesmo no inverno o clima tropical continua proporcionando condições ideais de cultivo.

Ultimamente, a segunda safra tornou-se mais importante que a primeira, pois a segunda safra de milho pode ser produzida logo após a colheita da soja. Dessa forma, os produtores de soja promovem a rotação de culturas entre soja e milho, seja para aumentar a produtividade de suas terras, controle de pragas ou correção de nutrientes no solo para a próxima safra.

Fonte: CONAB

mapa representando principais estados produtores de Milho no Brasil

Nos últimos cinco anos, a área plantada com milho no Brasil aumentou fortemente.

Gráfico representando área plantada de Milho no Brasil

Além disso, a maior atenção dada a produtividade da cultura tem sido responsável por grande parte do crescimento da produção e de melhores resultados nos últimos anos.

Desde 2000, o milho no Brasil gerou um PIB de R$ 715 bilhões (ante os R$ 7,6 trilhões gerados pela agricultura e pecuária), sendo mais de 50% desse resultado causado pelo crescimento da produtividade no campo. Nas últimas duas décadas, a produtividade apresentou um crescimento médio de cerca de 4,2% ao ano.

Como é Estocado?

Com o aumento da produtividade, o Brasil tem necessitado de aumentar o armazenamento de grãos.

Uma das características positivas do milho (assim como da soja e outros grãos) é que sob condições corretas de armazenamento – como métodos de limpeza e secagem para evitar insetos/fungos – o grão é capaz de ser armazenado por longos períodos sem qualquer impacto na sua qualidade.

Os principais métodos de armazenamento são em silos, granéis ou sacos em armazéns. O milho pode ser armazenado em espigas em celeiros ou armazéns em sacos; isso geralmente é feito por pequenos produtores. Grandes produtores tendem a armazenar milho em silos.

Estoques em Silos.

Produção de Milho

O milho é o segundo produto agrícola mais produzido no Brasil, atrás apenas da soja. Embora no início se destinasse majoritariamente ao consumo humano doméstico, o milho é hoje também muito utilizado na alimentação animal. Assim, em menos de 20 anos, o Brasil passou de grande consumidor de milho a um dos maiores produtores e exportadores (principalmente com o forte desenvolvimento do milho segunda safra, que é destinado ao mercado externo).

Gráfico representando produção total de milho no brasil

Fonte: CONAB

Os principais subprodutos do milho são o DDG (também utilizado como ração animal, devido ao seu alto valor nutritivo), o etanol de milho e o óleo de milho (também pode ser utilizado no enriquecimento de ração animal, na fabricação de biocombustíveis e na química industrial), além de produtos como fubá, xarope e amidos que são utilizados pela indústria alimentícia.

Como é distribuida a produção de Milho no Brasil

Indústria de etanol de milho no Brasil

Apesar de relativamente nova, a indústria de etanol de milho no Brasil vem apresentando rápida expansão, com grandes grupos investindo em novas fábricas e o surgimento de fábricas dedicadas especificamente à produção de etanol.

Hoje, o Brasil possui 18 usinas de etanol de milho, sendo 11 destilarias flex (produzem tanto etanol de cana-de-açúcar quanto de milho) e 7 destilarias full (produzem apenas etanol de milho) e estão concentradas na região Centro-Oeste do Brasil, principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Uma das questões enfrentadas pela indústria do etanol de milho no Brasil é a concorrência com o etanol de cana-de-açúcar. Por ser um produto com longa vida útil, o milho permite maior consistência na produção de etanol e no funcionamento das usinas.

Além disso, enquanto uma tonelada de cana pode produzir até 85 litros de etanol, a mesma quantidade de milho produz entre 370 e 460 litros, uma produtividade significativamente maior.

Por outro lado, 1 hectare de cana-de-açúcar pode produzir até 80 toneladas de cana-de-açúcar, enquanto 1 hectare de milho produz menos de 6 toneladas. Isso significa que é necessária mais área de terra para produzir etanol de milho.

O bagaço da cana é utilizado como fonte de energia para a produção de etanol, o milho necessita de uma grande oferta de biomassa (no Brasil, os cavacos de madeira são os mais utilizados para o processo).

Assim, enquanto uma usina de etanol de cana-de-açúcar exporta a energia produzida, uma usina de etanol de milho deve importá-la.

Exportações

O Brasil é o 3º maior exportador de milho do mundo, atrás apenas dos EUA e da Argentina.

O milho segunda safra, também conhecido como “safrinha” – foi um nome adequado nos últimos anos, mas essa safra agora é maior que a primeira no Brasil. Como resultado, as exportações brasileiras de milho são agora maiores no período de julho a dezembro.

Fonte: Comexstat

O milho brasileiro é transportado até os portos por três vias: ferroviária, rodoviária e hidroviária. As ferrovias transportam mais de 47% do milho para os portos, seguidas pelas estradas, com 42%.

Santos é o principal porto exportador de milho no brasil, responsável por mais de 1/3 do total das exportações (mais de 15 milhões de toneladas por ano). Além de Santos, os demais portos estão localizados majoritariamente nas regiões Norte e Nordeste (exceto o Porto de Paranaguá) e também são importantes. Juntos, esses portos são responsáveis por 43% do total das exportações brasileiras de milho.

principais portos de exportações de Milho no Brasil

Fonte: Lineup Williams

principais destinos de exportações de Milho no Brasil

Índice De Preços Do Milho no Brasil E Mercado Futuro

O principal índice de referência de preços do milho para o mercado físico é o índice ESALQ milho. É uma média aritmética dos preços diários negociados do produto equivalente à região base, Campinas – São Paulo. A qualidade base do produto para o índice é o milho amarelo, tipo 2 com umidade máx. de 14%, impureza até 1% na peneira de 3mm, no máximo 6% de grãos queimados ou germinados e até 12% de grãos quebrados. Os preços negociados em 162 cidades são considerados para a formação do índice.

Diferentes cidades que servem de referência para formação de preços poderão ter preços diferenciados de acordo com os diferenciais de frete e custo de produção. Em geral, o câmbio do dólar, os custos de frete e taxas portuárias, além do prêmio de exportação, também fazem diferença nos preços do milho no país.

Para as negociações que utilizam o Índice ESALQ são utilizados diferenciais (basis) em relação às regiões base, definidas pela B3 como local físico de entrega.

Como cerca de 70% da produção total local é destinada ao mercado interno, os preços do milho estão mais ligados à procura interna do que à procura internacional. No mercado futuro, porém, os traders de milho fazem hedge tanto no mercado local quanto no internacional, dependendo do objetivo da operação.

A utilização de hedge de futuros pelos produtores rurais brasileiros ainda é baixa. No caso dos grãos, por exemplo, a maior parte das operações no mercado futuro é realizada por tradings, que negociam no mercado spot com os produtores e, na outra ponta, atuam no mercado futuro.

vencimentos dos contratos Milho no Brasil

Os players internacionais (trading em geral) utilizam com mais frequência a CBOT, por ser uma referência mundial que servirá como referência global de preço.

Os players locais geralmente utilizam a B3 por ter maior aderência aos preços domésticos, além da facilidade de não ter que lidar com remessas internacionais de dinheiro que eventualmente surgem quando é feito um hedge em uma bolsa de comércio internacional.

Leticia Pizzo

Letícia joined CZ's analysis team in 2022, on a 1.5-year internship while finishing her bachelor’s degree in business administration. Since joining our São Paulo team, she has developed soybean and corn market intelligence focused on Brazilian market. She is now responsible for all the grains data, as well as providing market insights for our app.
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