Pontos Principais

  • País recebeu 1,750 mi de toneladas de jan/22 a set/22, 7% mais que no mesmo período de 2021.
  • Vários fatores explicam o resultado, entre eles a boa produção colhida no vizinho Paraguai.
  • Expectativa é de que importação perca ritmo no 4T, deixando o palco livre para as exportações.

O Brasil está no pico de sua temporada de exportação de milho e os olhos do mercado, naturalmente, estão nos volumes que vêm sendo despachados pelos portos do país – ainda mais em tempos de embarques ainda complicados na Ucrânia e novos recordes brasileiros. Mas, embora eu ainda vá escrever sobre o forte ritmo das exportações do Brasil, eu quero começar o texto de hoje olhando para as importações, que estão em ritmo acelerado mesmo num ano de grande produção.

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Dados da alfândega brasileira divulgados nesta semana mostram que o país importou 1,750 milhão de toneladas de milho entre janeiro e setembro de 2022, maior volume da história para o período, superando em 7% a importação registrada no mesmo período de 2021 – ano em que o Brasil teve uma forte quebra de safra por estiagem e precisou recorrer ao milho estrangeiro para atender à demanda pelo cereal, especialmente em regiões mais distantes das principais áreas produtoras e/ou onde os produtores locais seguraram o grão à espera de preços mais altos.

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4 Fatores Explicam a Importação Firme

Com grande aumento na produção agora em 2022, a expectativa era de que as importações perdessem fôlego. Mas não foi isso o que aconteceu até setembro. Existem basicamente quatro explicações para as importações terem continuado firmes até aqui:

1) Quase 75% da produção brasileira de milho entra no mercado apenas no segundo semestre, quando a safrinha é colhida. Por isso, os primeiros meses de 2022 ainda estavam “contaminados” pela quebra da safrinha 2021.

2) A safra de verão 2021/22 foi menor do que se esperava no Sul do Brasil em geral e no Rio Grande do Sul em particular, devido ao tempo quente e seco em dezembro e janeiro. Grande produtor de suínos e frangos, o Sul do Brasil precisa recorrer ao milho de outros estados, ou dos países vizinhos do Mercosul, para se abastecer em anos de quebra de safra. Como comprar milho de outros estados é mais caro devido à incidência de ICMS e às longas distâncias, muitas vezes faz mais sentido trazer milho de fora do Brasil.

3) O dólar próximo ou abaixo de R$ 5,00 em vários momentos do ano favoreceu a importação de milho do Mercosul, reduzindo o preço em reais e tornando o cereal dos países vizinhos mais competitivo, especialmente em regiões onde o produtor brasileiro, mesmo com a safrinha recorde já colhida, continuava/continua esperando por preços mais altos para vender.

4) A recuperação na produção do Paraguai, que também produz milho na safrinha, após a colheita da soja, estimula a importação, especialmente pelo Paraná, devido à proximidade geográfica. O país colheu 5 milhões de toneladas em 2022, contra 3,2 milhões em 2021. Não por acaso, o Paraguai foi origem de 83% do 1,750 milhão de toneladas importadas pelo Brasil entre janeiro e setembro de 2022.

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Apesar de disputar com a Argentina o posto de segundo maior exportador de milho do mundo, ficando atrás apenas dos EUA, o Brasil importa alguns volumes todos os anos devido às questões logísticas e tributárias já descritas anteriormente. Em 2021, a importação somou recordes 3,025 milhões de toneladas – a maior parte dela do Paraguai e da Argentina – devido à quebra da safrinha.

Embora os desembarques até setembro estejam em nível recorde para o período agora em 2022, a expectativa é de que os volumes percam fôlego no último trimestre, já que a comercialização da safrinha 2022 avançou bem nos últimos dois meses e o dólar acima de R$ 5,00 não favorece a paridade de importação. A expectativa da Conab é de que o Brasil termine a temporada comercial 2021/22 (fevereiro de 2022 a janeiro de 2023) com importação total de 1,9 milhão de toneladas. A AgRural trabalha com 2,2 milhões de toneladas para o ano civil de 2022 (janeiro a dezembro).

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Exportação aquecida

Com a recuperação da produção na safrinha 2022 e o consumo interno sendo favorecido pelo ganho de ritmo da comercialização e pelas importações, o Brasil vive um momento de forte avanço nas exportações de milho. Depois de embarcar 7,5 milhões de toneladas em agosto – maior volume mensal da história –, o país exportou 6,9 milhões de toneladas em setembro, novo recorde para o mês.

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Com o resultado de setembro, a exportação acumulada em 2022 chegou a 24,7 milhões de toneladas, já ultrapassando com folga o total de 20,4 milhões de toneladas embarcado em todo o ano de 2021, quando as exportações caíram devido à quebra da safrinha. A expectativa da AgRural é de que 2022 termine com exportação entre 37 milhões e 39 milhões de toneladas, segundo maior volume da história. Não se descarta, porém, que o volume final chegue a 40 milhões de toneladas, especialmente se os embarques da Argentina perderem ritmo no último trimestre e se os embarques da Ucrânia continuarem prejudicados pela ocupação russa.

Só não se espera que o recorde de 42,7 milhões de toneladas feito em 2020 seja superado porque a demanda interna brasileira é firme, puxada pelo setor de carnes e pela produção de etanol, e porque os preços do milho ainda estão altos na Bolsa de Chicago, limitando a capacidade dos importadores de oferecerem prêmios de exportação mais altos e de se aproximarem, assim, de níveis de preço mais interessantes para os produtores brasileiros que ainda seguram parte do milho para vender mais adiante.

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