- O PIB cresceu 1.2% no primeiro trimestre de 2021, retornando para níveis próximos do período antes da pandemia.
- À medida que a vacinação avançar agora no segundo semestre, o setor de serviços deve continuar crescendo.
- Mas incertezas domésticas ainda pressionam a moeda brasileira.
PIB de volta ao nível pré-pandemia
Alguns esperavam uma queda das atividades econômicas para o início de 2021 devido à redução dos auxílios emergenciais. Outros, projetavam uma expectativa mais otimista do mercado.
O primeiro trimestre de 2021 reagiu de forma positiva. No período, foi concretizado um crescimento de 1.2% no PIB em relação ao trimestre anterior, retornando aos patamares próximos do período pré-COVID (-0,03% abaixo do 4T 2019).
Que ótimo! Mas o que ajudou nesse resultado?
Os principais fatores que vem sustentando a retomada da atividade econômica são:
- Recuperação das importações para reposição de estoques industriais contribuíram para as atividades econômicas
- O crescimento expressivo da economia global com alta de preços de commodities.
As exportações de commodities tiveram alta de 49% na comparação anual e continuam se beneficiando dos preços internacionais mais elevados. O movimento também tem efeito positivo no investimento.
Mas e agora? Como fica o segundo trimestre de 2021?
Para o segundo trimestre de 2021, a estimativa é otimista com o aumento de mobilidade e no aumento de consumo e serviços. O Itaú BBA índica um crescimento de 0.2% para o período na comparação trimestral e prevê crescimento em 5% com viés de alta no do PIB anual de 2021.
- O setor de serviços que envolve interação social como bares, restaurantes, salões de beleza, ainda estão sendo afetados pelo isolamento social e estão bem abaixo dos níveis pré-crise. Provavelmente ganharão força mais para frente, impulsionando o crescimento do PIB.
- Já com relação ao consumo de bens como vendas no varejo e produção industrial, sofreram pouco com as restrições à mobilidade porque envolvem menor grau de interação social.
- Setor de serviços deve continuar crescendo ao longo do segundo semestre à medida que a vacinação avançar.
E como anda a vacinação no Brasil?
Nas últimas semanas, Brasil está vacinando em torno de 660 mil doses diárias (considerando primeira e segunda dose), um ritmo vagaroso em comparação à primeira semana de maio que era de 900 mil.
- Esse ritmo estável e relativamente lento está associado a mudança de critério de vacinação no país com foco em pessoas com comorbidades.
- A campanha no país ainda tem um longo caminho pela frente, mas a boa notícia é que as vacinas já aplicadas trazem algum grau de proteção à população e diminui os riscos associados a uma possível terceira onda.
No entanto, no curto prazo, é possível que haja um novo aumento de casos e hospitalizações. Mesmo que nas últimas semanas, a ocorrência de novos casos tenha mostrado sinais de estabilidade, o nível ainda continua elevado.
Além disso, existe a possibilidade de transmissão de novas variantes do vírus, como a da cepa indiana que ainda pouco se sabe sobre sua transmissibilidade e patogenia. Por isso, ainda não é possível descartar completamente a possibilidade de uma eventual terceira onda.
Contudo, o avanço da vacinação deve permitir um retorno à normalidade econômica no final de 2021. Em particular, é esperado que toda a população acima de 18 anos esteja com a primeira dose aplicada em novembro.
Para o segundo semestre, é aguardado a disponibilidade de vacinas mais diversificadas, com indicações iniciais de que podem se adaptar a novas variantes.
O mercado de trabalho está de volta…
Mesmo com alguns atrasos na reabertura devido ao agravamento da pandemia no país, a população ocupada formal voltou ao nível similar à pré-pandemia.
- Em maio, o IDAT-Emprego, que mede a variação interanual do estoque de emprego formal, avançou 5,5% (contra 1,4% em abril). Isso indica que a recuperação do mercado de trabalho continua.
E o dólar?
As incertezas domésticas relacionadas à evolução da pandemia e à trajetória fiscal ainda pressionam a moeda brasileira.
A agência Fitch fez uma atualização reafirmando o rating brasileiro em BB- e mantendo a perspectiva em negativa. Para a agência, essa perspectiva é em consequência da:
- Deterioração do déficit fiscal do país observada em 2020, assim como das incertezas relacionadas à consolidação fiscal;
- Incertezas sobre a campanha da vacinação no país com potenciais atrasos e risco de agravamento nas contas públicas.
No entanto, a elevação da taxa básica de juros e o aumento dos preços de commodities já começam abrir espaço para fluxos comerciais e financeiros mais favoráveis, possibilitando para apreciação da do BRL no curto prazo.
- A taxa de câmbio apreciou 3,2%, encerrando o mês de maio em 5,23 reais por dólar
- Nesse ambiente, o banco Itaú manteve a projeção de taxa de câmbio em R$ 5,30 por dólar em 2021.
- Para o ano de 2022, os analistas esperam o dólar no patamar em torno dos R$ 5,50.