Pontos Principais

O Senado brasileiro aprovou a Lei do Combustível do Futuro. Isso vai abrir as portas para novos programas e incentivos para a produção de biodiesel, SAF e biometano, além de aumentar a mistura de etanol à gasolina.

Lei Deve Incentivar Produção de Combustíveis Sustentáveis.

Depois de ser aprovada em março pela Câmara dos Deputados, a Lei do Combustível do Futuro recebeu aval do Senado na semana passada. Agora, deve voltar para a Câmara dos Deputados e ser sancionada pelo presidente da República. A expectativa é que o processo ocorra de forma tranquila, já que a lei contou com ampla votação favorável.

Os pontos principais da nova legislação dizem respeito ao biodiesel, biometano, SAF e a mistura de etanol na gasolina,

Quanto ao biodiesel, será acrescentado um ponto percentual na mistura do diesel a partir de março de 2025 até atingir a meta de 20% em março de 2030 (atualmente, a porcentagem da mistura é de 14%).

Fonte: Abiove.

Também foi permitida a adição voluntária de biodiesel, acima do limite definido pela lei, para o setor de transportes e energia. Alguns exemplos são o transporte público, navegação, transporte ferroviário, geração de energia elétrica e maquinários usados na agricultura.

Analisamos os principais impactos da lei.

1. Etanol

Em relação à mistura do etanol à gasolina, o novo percentual ficou em 27%, com uma variação de 22% a 35%. Hoje, o percentual da mistura pode variar entre 18% e 27,5%.

O mercado trabalha com a expectativa de que, futuramente, a mistura do anidro pode de fato subir até o limite de 35%.

Para se ter uma ideia de grandeza, hoje com 27% de mistura, a demanda nacional por etanol anidro é de 12.4bi litros. Assumindo a mesma demanda por combustíveis e o mesmo share de etanol hidratado de 2023, para cada 1p.p de aumento na mistura, a demanda adicional de anidro é de quase meio bilhão de litros.

2. SAF

Também foi instituído o Programa Nacional de Combustível de Aviação. O objetivo é incentivar a produção de SAF.

A partir de 2027, os operadores aéreos precisarão reduzir suas emissões de gás do efeito estufa em voos domésticos utilizando o SAF. As metas de redução das emissões vão aumentar gradativamente, começando com 1% em 2027. Até 2037, deverá chegar a pelo menos 10%.

Fonte: Anac.

3. Biometano

A lei cria o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano. O objetivo é incentivar a produção e o uso do biometano.

De acordo com as novas regras, haverá um aumento paulatino, com a obrigatoriedade de um percentual de 1% de biometano no gás natural a partir de 2026. O limite máximo ficou definido em 10%.

Fonte: Cbiogás.

A nova legislação deverá turbinar as perspectivas de crescimento do setor. Considerado um gás com alto poder de combustão, o biometano pode ser utilizado como um substituto do GNV (gás natural veicular) para o abastecimento de veículos.

Investimentos Já Programados

De olho nas oportunidades, o mercado está se movimentando. A Atvos divulgou a intenção de construir sua primeira planta de biometano em Nova Alvorada do Sul, no Mato Grosso do Sul, onde já produz etanol. Ao mesmo tempo, o governo do Mato Grosso do Sul assumiu o compromisso de reduzir o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) do biometano de 17% para 1,8%.

Em relação ao SAF e outros biocombustíveis, os principais players do mercado também estão atentos às oportunidades. Algumas usinas, como a Raízen, Zilor, São Martinho e Ouroeste, já obtiveram a certificação ISCC Corsia Plus, que garante os requisitos internacionais necessários para a produção de SAF.

Fabricantes de biodiesel também estão retomando investimentos. A Be8, por exemplo, anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão em uma nova fábrica de esmagamento de soja no Paraná para produzir matéria-prima para a produção de biodiesel. A Petrobras também trabalha com projetos de biorrefinarias. Agora, com a nova lei, as iniciativas devem ganhar um impulso extra.

Carla Aranha

Carla joined CZ in 2022 having previously worked at Exame and Valor, leading economic media outlets in Brazil, where she developed projects and news coverage focusing on the agribusiness and commodities markets. Carla is responsible for writing content, providing interesting article´s subjects and reports as well as producing press releases together with the marketing team.

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