Pontos Principais 

Brasil aprova legislação do hidrogênio verde, que cria incentivos fiscais para o setor. O produto pode ser usado para fabricar fertilizantes, o que vem animando o agronegócio. 

Agronegócio Comemora Aprovação da Lei do Hidrogênio Verde 

A aprovação do marco regulatório do hidrogênio verde, em agosto, que definiu desde certificações até incentivos fiscais, vem animando um dos setores mais importantes da economia brasileira.  

Responsável por um quarto do PIB brasileiro, o agronegócio viu com bons olhos a criação do arcabouço legal para a produção de hidrogênio, especialmente pelo potencial de sua utilização pela indústria de fertilizantes.  

Obtido a partir da eletrólise da água feita com fontes renováveis, como a energia solar e a eólica, o hidrogênio verde pode ser combinado ao nitrogênio para formar amônia, uma das principais bases dos fertilizantes, em um processo sustentável. 

“A dependência do Brasil em relação à importação de fertilizantes, cujos preços devem continuar subindo no mercado internacional a longo prazo, é um dos principais atrativos para produção de hidrogênio verde no país”, diz Leandro Borgo, presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes. 

Fonte: Comex. 

Hoje, o Brasil importa cerca de 90% dos fertilizantes que utiliza. Há dois anos, houve uma disparada nos preços em função da guerra contra a Ucrânia e as sanções contra a Rússia, que fornecia quase um terço dos fertilizantes para o Brasil.  

Mesmo com uma acomodação no mercado, com a busca de novos fornecedores internacionais, a expectativa é que os preços subam até o final da década, com o aumento da demanda em decorrência da expansão da agricultura e da produtividade.  

Fonte: Comex. 

Nesse cenário, não é de espantar o interesse de grandes empresas na fabricação de hidrogênio verde. “Já há interesse de grandes empresas e o marco regulatório deve servir como um estímulo a mais para o desenvolvimento do mercado”, analisa Feliz Diniz, sócio da consultoria Mirow & Co, que fez um estudo sobre o mercado de hidrogênio verde. 

No Brasil, os projetos de produção de hidrogênio verde já somam cerca de US$ 50 bilhões, liderados por empresas como a Qair, Fortescue e Unigel.  

Ao mesmo tempo, o porto de Suape, em Pernambuco, se prepara lançar, em novembro, um centro de inovação de hidrogênio verde voltado a novas tecnologias. Um dos maiores objetivos da iniciativa, que conta com a participação do Senai e empresas como a Czarnikow, é criar soluções para reduzir custos de produção, armazenamento e transporte. 

Outros Setores que Deverão se Beneficiar 

Embora em um primeiro momento boa parte da produção possa ser direcionada à indústria de fertilizantes, outros setores já estão de olho no potencial de descarbonização do hidrogênio verde. É o caso, por exemplo, da indústria siderúrgica. A ideia é que o hidrogênio substitua o carvão mineral utilizado na fabricação de aço.  

Globalmente, a expectativa é que o hidrogênio verde seja utilizado também como combustível, para substituir os combustíveis fósseis no setor de transportes, e na geração de energia.  

Na Europa, leilões de hidrogênio verde vêm movimentando o mercado. Em abril, a Comissão Europeia selecionou sete projetos de hidrogênio verde que deverão receber 720 milhões de euros. Até o final do ano, deve ser realizada outra iniciativa desse tipo.  

Novos Avanços Causam Impacto  

A expectativa é o que o desenvolvimento de novas tecnologias e o ganho de escala permitam uma redução de custos. Hoje, a produção de hidrogênio verde sair por volta de US$ 6 por quilo, o dobro do hidrogênio comum, obtido a partir de combustíveis fósseis. 

Fonte: IMO. 

A intenção é chegar a custo de produção de cerca de US$ 2 por quilo em 2030. “Com isso, seria possível utilizar o hidrogênio verde não só para descarbonizar a indústria, mas também para a geração de energia em maior escala”, diz Borgo.

Carla Aranha

Carla joined CZ in 2022 having previously worked at Exame and Valor, leading economic media outlets in Brazil, where she developed projects and news coverage focusing on the agribusiness and commodities markets. Carla is responsible for writing content, providing interesting article´s subjects and reports as well as producing press releases together with the marketing team.

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