Pontos Principais
Janeiro foi caracterizado por chuvas intensas nas bacias localizadas no Centro-Norte do país. Desde novembro, o volume de precipitações sobre o SIN tem sido significativo, resultando em uma hidrologia próxima à Média de Longo Termo. Fevereiro tende a registrar chuvas expressivas sobre as principais bacias do SIN, incluindo as regiões onde estão localizados os reservatórios das hidrelétricas.
Balanço do Brasil
O mês de janeiro foi marcado por chuvas volumosas sobre as bacias que se localizam na porção Centro-Norte do país. Observou-se chuva dentro a acima da média climatológica nas bacias que se encontram nos subsistemas Nordeste (NE) e Norte (N), como São Francisco (médio e baixo), Tocantins e Xingu.
Embora se encontre regionalmente na porção Norte da América do Sul, a bacia do Madeira tem sua geração de energia no submercado Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), e registrou acumulados acima da média. Todas as demais bacias onde se encontram as usinas hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN), incluindo a região de reservatórios, verificaram chuvas abaixo da média.
Foi observada a passagem de transientes (sistemas de baixa pressão e frentes frias) avançando rapidamente sobre o Sudeste e que se posicionaram na altura do Nordeste do país, onde se formaram corredores de umidade, em alguns momentos classificados como eventos da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). ZCAS é o principal sistema meteorológico de regularização das chuvas do período úmido da América do Sul, caracterizado por uma extensa banda de nebulosidade e chuva persistente desde o noroeste do Brasil até a região Sudeste.
No entanto, em alguns eventos, é possível que a localização desse sistema fique ao norte da posição climatológica, deslocando a chuva para longe da área onde se encontram os reservatórios das principais hidrelétricas, como ocorrido em janeiro deste ano. Por outro lado, na virada de janeiro para fevereiro, um corredor de umidade intenso provocou chuva volumosa sobre o SE/CO, incluindo a área de reservatórios, o que não foi suficiente para mudar o padrão verificado.
Devido ao cenário de chuvas verificado sobre o SIN desde o mês de novembro, a hidrologia apresentou valores que se aproximaram da Média de Longo Termo (MLT). Em novembro, a Energia Natural Afluente (ENA) do SE/CO fechou em 112% da MLT, já o dezembro atingiu o valor médio de 97% da MLT, passando a 98% da MLT em janeiro, mesmo com as chuvas mais deslocadas no Centro-Norte neste último.
Esse efeito foi verificado quando comparamos o avanço da ENA entre dezembro e janeiro, de 57% para 102% da MLT no Nordeste e de 75% para 108% da MLT no Norte, respectivamente. Por outro lado, o subsistema Sul (S) teve o cenário hidrológico com tendência de queda na ENA, saindo de 212% para 70% da MLT nos últimos dois meses. Considerando todo esse cenário, a energia armazenada nos reservatórios (EAR) do SE/CO chegou a 62,7% em 01/02, recuperando 11 p.p. e, relação à 01/01.
A variação da Energia Armazenada (EAR) dos subsistemas entre 01/01/25 e 01/02/25 ficaram em:
Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)
Entre dezembro, janeiro e início de fevereiro, os preços de mercado apresentaram comportamentos distintos nos produtos de curto, médio e longo prazo, considerando o produto de Preço Fixo – Energia Convencional no submercado SE/CO.
O produto Q1/2025 foi sendo negociado gradualmente em valores mais baixos à medida que as chuvas previstas para dezembro e janeiro foram se realizando, apresentando redução de R$ 33/MWh entre 02/12/2024 até o fechamento de 12/02/2025. Considerando que o PLD médio de janeiro ficou em R$ 59,21/MWh no SE/CO e S e R$ 59,18/MWh no NE e N e que as incertezas da qualidade e regularidade das chuvas para as próximas semanas do período úmido, o mercado passou a precificar esses dois produtos mensais um pouco mais caros nos últimos dias. O produto MAR/2025, mais pressionado do Q1/2025, saiu de R$83/MWh para R$ 132/MWh entre 15/01 e 12/02, considerando a previsão de estiagem da segunda quinzena de fevereiro.
Por outro lado, os produtos Q2, Q3 e Q4/2025 apresentaram comportamento de elevação gradual já na virada do ano, ficando mais estressados nos últimos 10 dias, principalmente. Esse padrão é reflexo da durabilidade e qualidade das chuvas sobre as áreas de reservatório até o fim de março e início de abril, período considerado como fim da estação chuvosa. Na hipótese de alguma eventual frustração nos volumes ou locacional de chuva e, consequentemente, verificação de que a EAR não atinja valores próximos ou superiores ao ano passado, os preços desses produtos, sobretudo os do 2º semestre/2025, tendem a permanecer altos e ainda subirem na possibilidade de que estiagem prevista para fevereiro persista ao longo de março.
Esse racional tem o seguinte fundamento: níveis menores de volume útil dos reservatórios das principais hidrelétricas obrigará o despacho adicional de usinas termelétricas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), aumentando, portanto, o PLD dos meses do período seco e a expectativa de preços de mercado. Desde 02/12/2025, os preços desses produtos trimestrais aumentaram em torno de R$ 80/MWh. Os produtos de Longo Prazo (2026, 2027 e 2028) acompanharam os comportamentos dos produtos de Médio Prazo, principalmente a partir da segunda quinzena de janeiro e início de fevereiro.
O PLD médio de Janeiro ficou em:
- Sudeste/Centro-Oeste: R$ 59,21/MWh
- Sul: R$ 59,21/MWh
- Nordeste: R$ 59,18/MWh
- Norte: R$59,18/MWh.
Previsão de Chuvas
Do ponto de vista climatológico, o mês de fevereiro é marcado chuvas volumosas sobre as principais bacias do SIN, incluindo a região onde se encontrar os reservatórios das hidrelétricas (cabeceiras dos rios Grande, Paranaíba, São Francisco e Tocantins). Considerando que foram observadas chuvas volumosas no início do mês, desde 06/02 tem-se verificado uma situação de estiagem sobre a área central do país, incluindo as principais bacias do SE/CO, NE e as cabeceiras das bacias do Tocantins e Xingu.
Segundo os principais modelos meteorológicos, essa situação de tempo seco e firme deve prevalecer, com o avanço das frentes frias ficando restrito à região Sul (onde pode chover forte e com volumes elevados) e as demais áreas de chuva volumosa posicionadas sobre o Madeira e o extremo Norte do Xingu e Tocantins.
A pouca chuva que se deve verificar nas áreas de reservatório estarão associadas à termodinâmica, ocorrendo sob a forma de pancadas. Não há nenhum corredor de umidade previsto, pelo menos, até 25/02. Existe, no entanto, a possibilidade de “quebra” desse padrão de tempo seco, com retorno gradual dos transientes na virada de fevereiro para março. Na hipótese desse cenário se configurar, as projeções de PLD devem voltar a apresentar tendência de baixa, à medida em que a ENA e a taxa de replecionamento dos níveis dos reservatórios voltem a subir, provocando uma possível redução de preços de mercado.