Pontos Principais
Cotações futuras de soja e milho reagem às fortes chuvas das últimas semanas registradas no Rio Grande do Sul.
Mais de 300 mm de Chuva em 10 Dias
As chuvas tiveram início no dia 27 do mês passado e, no dia 6 de maio, segundo a consultoria climática World Weather, grande parte do Estado já contava com um acumulado no período, de ao menos 300 mm, com muitas regiões registrando volumes em torno de 600 mm.
Fonte: World Weather
Esperança de um Novo Recorde Perdida
O Rio Grande do Sul é uma peça fundamental no cenário agrícola brasileiro e, nesta temporada (23/24), segundo relatório da CONAB publicado em maio, deveria ser responsável por 4,6% (5,13 milhões de toneladas) da produção nacional de milho e 14,9% da de soja, equivalente a 21,9 milhões de toneladas.
Fonte: CONAB
A região brasileira teve perdas em decorrência do clima em 3 das 4 últimas temporadas, todas devido a estiagens. Para 23/24, com a ocorrência do El Niño, os participantes da cadeia estavam animados com a perspectiva de uma produção recorde de soja. Apesar disso, as chuvas vieram em excesso, causando atrasos já durante o plantio tanto da oleaginosa quanto do milho verão.
Players Vão as Compras em Chicago
Em Chicago, as cotações, até então pressionadas pela grande oferta mundial e uma demanda mais pessimista para ambas as culturas, reagiram imediatamente, levando os preços do 1º vencimento do contrato futuro de soja de US$ 11,45/bu em 30 de abril para uma máxima de US$ 12,40/bu no dia 7 de maio (+8,3%) enquanto o milho, partiu de US$ 4,38 para 4,59/bu (+4,8%).
Fonte: CME
Após o impacto inicial, parte dos ganhos dos últimos dias devem ser devolvidos, com o mercado entrando em compasso de espera na expectativa dos relatórios do USDA na próxima sexta (10), e da CONAB no dia 14 que, certamente, ainda não devem computar totalmente as perdas sofridas com o desastre.
O Impacto na Produção
Inicialmente, fala-se em uma perda de até 3 milhões de toneladas nas lavouras de soja que, segundo a CONAB, já encontravam 75% colhidas, enquanto no milho, com 83% da colheita realizada, a redução deve ser bem menor. No entanto, não podemos nos esquecer que toda a estrutura logística está comprometida, inclusive com armazéns submersos. Além disso, a conclusão da colheita agora está demasiadamente prejudicada por problemas técnicos, que vão desde os lamaçais remanescentes impedindo a entrada das colheitadeiras em campo, até máquinas danificadas pelas enchentes.
Segundo a World Weather, embora a chuva excessiva tenha acabado há alguns poucos dias, existe uma grande chance de novas precipitações para a próxima semana, e a onda de chuvas significativas pode perdurar por ao menos mais 10 dias.
Com cidades inteiras praticamente submersas, o problema vai muito além da economia agrícola. Algumas regiões devem demorar meses, em alguns casos até anos, para se recuperarem. Com a população inteira focada em causas humanitárias, levantamentos mais precisos e confiáveis devem demorar a serem divulgados.
De qualquer forma, parte das perdas gaúchas nas lavouras de milho e soja devem ser compensadas por outros Estados, com alguns argumentando que a CONAB está subestimando suas produções. No contexto mundial, a projeção dos estoques finais continua alta, o que deve manter o mercado em uma tendência de preços mais baixos.