Pontos Principais
- As usinas do Centro-Sul (CS) do Brasil podem produzir açúcar ou etanol.
- No entanto, elas só podem destinar menos da metade da sacarose para a produção de açúcar.
- Por que o mix de açúcar não deve chegar a 50%?
Recentemente, publicamos um artigo no qual discutimos a próxima safra de cana no Centro-Sul do Brasil , que começa em abril. Esperamos que a produtividade agrícola melhore, chegando a 570 milhões de toneladas de cana disponíveis para moagem, o que representa um aumento de 7% em relação à safra anterior. As usinas poderão então destinar essa cana para a produção de açúcar ou etanol. O açúcar proporciona um retorno melhor do que o etanol e nós esperamos que as usinas maximizem a produção de açúcar.
Na próxima safra, estimamos que 46,4% da sacarose seja alocada na produção de açúcar. Com isso, deve ser obtido a maior produção dos últimos três anos, de 34,7 milhões de toneladas de açúcar.
As usinas poderiam ter um desempenho ainda melhor na produção de açúcar?
Limites operacionais
A produção de açúcar a partir da cana é uma combinação de cana moída, teor de sacarose (ATR) e mix de produção.
Mas essa equação não se limita a isso. Existem limites operacionais para a quantidade de açúcar que pode ser produzida dependendo da qualidade da cana. Se o ATR for muito baixo, o processo de cristalização torna-se difícil e obriga a um mix de açúcar mais baixo. Por isso, a cana moída no início da safra tende a render mais etanol e menos açúcar. À medida que a safra de cana avança e a sacarose fica mais concentrada, o mix de açúcar tende a aumentar.
No entanto, o mix de açúcar só pode subir até certo ponto. As usinas têm uma capacidade de cristalização limitada, que estimamos em cerca de 215 mil toneladas por dia no pico da safra. A cana moída além desse limite deve ser direcionada para a produção de etanol.
Lembra da fórmula anterior? Se a moagem de cana e/ou o ATR for muito alto, muita sacarose entra na indústria. As usinas precisarão desacelerar o ritmo de moagem ou reduzir o mix de açúcar:
Com base em nossas expectativas para a moagem de cana, ATR e ritmo das operações, estimamos que 46,4% seja a alocação máxima de açúcar para a safra 2023/24. Ainda assim, a produção de açúcar deve ser pelo menos 6% superior à safra anterior.