Pontos principais

  • Vários Estados membros da União Europeia agem para proteger os agricultores locais.
  • As proibições permitem o trânsito de grãos ucranianos pelos países.
  • Bruxelas está oferecendo ajuda para tentar evitar novas ações unilaterais.

Previsão

Sem alterações em nossa previsão de preço médio do milho de Chicago para a safra 22/23 (set/ago) na faixa de 6 a 6,5 US$/bu. O preço médio desde 1º de setembro está em 6,7 US$/bu.

Comentário do Mercado

A volatilidade do Corredor do Mar Negro e o clima resultaram em uma semana ligeiramente positiva para o milho, e negativa para o trigo. Os valores brasileiros despencaram com uma grande safra e o fortalecimento do real.

A semana começou positiva com as inspeções de embarcações suspensas no Corredor do Mar Negro, mas foi corrigida durante a segunda metade da semana, quando o fluxo do Mar Negro foi retomado e uma imagem mais clara de ampla oferta está se consolidando.

Mais apoio inicial também veio de vários países europeus que proibiram as importações da Ucrânia para proteger seus agricultores, que ao final da semana a maioria continuou com a proibição, mas permitiu o transporte de grãos ucranianos através de seus países. Portanto, o fluxo de grãos não vai parar. A ajuda vinda de Bruxelas está sendo oferecida aos agricultores afetados, tentando evitar medidas unilaterais dos países membros da UE.

Nos EUA, as inspeções de exportação de milho foram favoráveis na semana passada e as perspectivas para a nova safra parecem boas, com milho sendo 8% plantado, ante 4% no ano passado e contra 5% da média de cinco anos. Ainda está no início da época de plantio, mas é um bom começo e tira o risco da mesa em torno do tamanho da safra a ser colhida no próximo outono.

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No Brasil, a colheita da soja está 85% completa contra 87,1% no ano passado. O plantio da 2ª safra de milho está praticamente finalizado, com 99,9% concluído. E a primeira safra de milho está com 55,8% colhido contra 60% no ano passado.

Na frente do trigo, a condição do trigo dos EUA é 27% boa ou excelente, inalterada semana a semana, contra 30% no ano passado. A condição do trigo francês foi 93% boa ou excelente, um ponto abaixo semana a semana, contra 91% no ano passado.

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O corredor do Mar Negro teve altos e baixos na semana passada, com as inspeções suspensas entre segunda e terça-feira e retomadas na quarta-feira. Ainda assim, novos negócios estão lentos, pois a fila de navios continua perto de 100 e a extensão do acordo além de maio ainda é um ponto de interrogação.

Na frente climática, são esperadas temperaturas congelantes e chuvas nas áreas de cultivo dos EUA, o que representará um risco para o milho e a soja que já foram plantados. O Brasil deve receber frio e chuvas em partes da região centro-oeste, enquanto tempo seco é esperado no sudeste. Espera-se que a Europa tenha tempo seco no sul e chuvas no norte. Cada vez mais as previsões apontam para um forte El Niño nos próximos meses.

O IGC elevou sua previsão de produção global de grãos para 23/24 em 7 milhões de toneladas, para 2,29 bilhões de toneladas. O grande crescimento vem do lado do milho, que foi previsto em 1,2 bilhões de toneladas contra 1,15 no ano passado, um aumento de 58 milhões de toneladas ano a ano, recuperando a maior parte das perdas do ano anterior.

O quadro geral é que temos uma recuperação da produção (tanto de milho quanto de trigo) o que deve exercer alguma pressão sobre os preços. Mas a incerteza em torno do corredor do Mar Negro que limita o fluxo de grãos deve ser favorável, mas também volátil para os preços, assim como o clima. Risco geral negativo, mas volátil.

Alberto Carmona

Alberto graduated at the University of Seville (Spain) and University of Paderborn (Germany) with a Bachelor in Economics and Business Administration and an Executive MBA from Institute San Telmo (partner school of IESE). Worked in Abengoa Bioenergy from 1999 through 2017 when I founded NixAl Commodities, an Ethanol boutique focused on market intelligence, risk management and engineering. Professional background in financial and commercial activities, promoting and financing renewable energy projects in Europe, Brownfields and Greenfields. I have been active in the international development of Bioethanol since 2001 having lived and worked in The Netherlands, Brazil and U.S., the three main markets, while leading global trading operations, risk management and lobbying.

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