Pontos Principais
Com precipitações insuficientes em quase todas as bacias, setembro trouxe um cenário hidrológico crítico para o SIN, impulsionando a elevação do PLD e dos preços no mercado de curto prazo. A volatilidade nas previsões hidrológicas impactou significativamente as projeções de preço.
Balanço do Brasil
O mês de setembro foi marcado por chuvas abaixo da média climatológica em quase todas as bacias hidrográficas onde se encontram as usinas hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A exceção ficou para bacia do Iguaçu (subsistema Sul), que registrou acumulados dentro da média. Diferente do esperado para essa época do ano, a maior parte da chuva (em volumes e em frequência) ficou concentrada no Sul do país e nas bacias do Baixo Paraná e Paranapanema, evidenciando um atraso na regularização das chuvas no período de transição. Nesse sentido, a situação hidrológica do SIN em setembro se consolidou como uma das piores do histórico desde 1931, com a Energia Natural Afluente (ENA) chegando a 49% da MLT (Média de Longo Termo).
Além disso, como consequência de sistemas meteorológicos posicionados mais ao sul, observou-se a ocorrência de dias com temperaturas elevadas na área central do país, o que contribuiu para aumento da carga (somatório de consumo e perdas) do SIN.
Nesse contexto, mesmo com o despacho das usinas termelétricas dentro e fora da ordem de mérito (neste caso, gerando encargos), além da geração das usinas não simuladas individualmente (eólicas, fotovoltaicas e termelétricas de biomassa), houve deplecionamento acentuado dos níveis dos reservatórios dos quatro submercados.
A variação da Energia Armazenada (EAR) dos subsistemas entre 01/09 e 01/10 ficaram em:
- Sudeste/Centro-Oeste: 55,55% para 46,13% (-9,42 p.p.)
- Sul: 64,99% para 54,26% (-10,73 p.p.)
- Nordeste: 55,87% para 49,15% (-6,72 p.p.)
- Norte: 79,19% para 73,88% (-5,31 p.p.)
Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)
As projeções de PLD, realizadas pelos players do mercado, foram apresentando cenários mais altos ao longo do mês de setembro, à medida em que as chuvas foram performando e apresentando frustração em relação ao previsto. Desse modo, é possível observar uma elevação gradual e significativa nos preços negociados dos produtos de curto prazo, com destaque para os máximos ocorridos na última semana do mês.
Os produtos de médio (2025 e 2026) e longo prazo (2027 e 2028) apresentaram menor variação. Na tabela abaixo é possível observar as variações ocorridas desde a abertura até fechamento do mês de setembro a partir da marcação realizada pelo Front Office da Czarnikow.
O PLD médio de setembro ficou em: Sudeste/Centro-Oeste: R$ 307,59/MWh, Sul: R$ 307,78/MWh, Nordeste: R$ 243,30/MWh e Norte: R$ 316,41/MWh.
Previsão de Chuvas
Do ponto de vista climatológico, a segunda quinzena do mês de outubro é quando se inicia o período úmido. Mesmo com o pessimismo em boa parte das previsões de tempo e clima, a expectativa é de aumento gradual da precipitação no interior do país.
Para os próximos 10 dias são esperadas chuvas no Centro-Sul do Brasil, com possibilidades de sistemas atingindo o Norte e Nordeste na 3ª pêntada. Os modelos numéricos de previsão indicam a possibilidade de chuva sobre o interior do país durante a segunda quinzena, mesmo que ainda pouco organizada e atuando sob a forma de pancadas.
Importante destacar que, como ainda estamos em um período de transição, as previsões numéricas de tempo e clima estão bastante voláteis. Consequentemente, as expectativas hidrológicas têm apresentado bastante volatilidade, impactando significativamente nas flutuações das projeções de preço e, por sua vez, o mercado.