Pontos Principais
Dezembro trouxe chuvas volumosas às bacias do SIN, aproximando a hidrologia da Média de Longo Termo. Após queda nos preços de mercado entre outubro e início de novembro, as projeções de PLD apresentaram cenários distintos. Para Janeiro, as expectativas são otimistas para a hidrologia
Balanço do Brasil
O mês de dezembro foi marcado por chuvas volumosas sobre as principais bacias do Sistema Interligado Nacional (SIN). Observou-se chuva acima da média climatológica no Centro-Sul do país, incluindo as bacias do Grande, Alto São Francisco, Paranapanema, Tietê e Baixo Paraná (subsistema Sudeste/Centro-Oeste – SE/CO), e na bacia do Iguaçu (submercado Sul – S).
Por outro lado, o Centro-Norte país foi marcado por chuvas mais irregulares, com volumes abaixo da média no Madeira, Baixo Paranaíba e Baixo Tocantins (SE/CO), Jacuí (S), Médio e Baixo São Francisco (Nordeste – NE), e Médio Tocantins (Norte – N). Nas demais bacias (Alto Paranaíba, Xingu, Alto Paraná e Uruguai) foram observadas chuvas dentro da média climatológica.
Foi observada uma frequência significativa de sistemas transientes (sistemas de baixa pressão e frentes frias) avançando sobre o Sudeste, além de formação de corredores de umidade, em alguns momentos classificados como eventos da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). ZCAS é o principal sistema meteorológico de regularização das chuvas do período úmido da América do Sul, caracterizado por uma extensa banda de nebulosidade e chuva persistente desde o noroeste do Brasil até a região Sudeste.
Por outro lado, os primeiros dias de janeiro de 2025 foram marcadas por chuvas deslocadas sobre o Centro-Norte do país, consolidando chuvas acima da média climatológica sobre as bacias do Madeira, Tocantins, Xingu e São Francisco. No entanto, esse cenário pode mudar na segunda quinzena do mês, com deslocamento da chuva para o Centro-Sul do Brasil.
Devido ao cenário de chuvas verificado sobre o SIN durante o mês de dezembro, a hidrologia apresentou valores que se aproximaram da Média de Longo Termo (MLT). Enquanto outubro, a Energia Natural Afluente (ENA) do SE/CO fechou em 59% da MLT, o novembro atingiu o valor médio de 112% da MLT, passando a 94% da MLT em dezembro. Embora as afluências tenham se elevado nas bacias do NE e N, as ENAs ficaram abaixo da média histórica, consolidando-se em 57% e 75% da MLT, respectivamente.
Como consequência de sistemas meteorológicos avançando sobre o Centro-Sul, o subsistema Sul registrou elevados 212% da MLT. Além disso, a energia armazenada nos reservatórios (EAR) do SE/CO chegou a 53,5% em 01/01, recuperando 9 p.p. e, relação à 01/12.
A variação da Energia Armazenada (EAR) dos subsistemas entre 01/12/24 e 01/01/25 ficaram em:
Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)
Após a redução significativa dos preços de mercado entre outubro e início de novembro, as projeções de Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) foram apresentando cenários distintos. Os produtos de Curto Prazo e Médio Prazo (2025) apresentaram tendência de queda na primeira quinzena de novembro, seguida de elevação nos produtos de 1º sem/25 (tímida) e 2º sem/25 (mais significativa) nos 30 dias seguintes, aproximadamente.
Esse cenário pode ser justificado pelas chuvas que foram sendo verificadas ao longo do mês de novembro (tendência de preço para baixo), e os eventuais dias mais secos ao longo da virada desse mês em direção ao dezembro (tendência de preço para cima). Nos últimos dias de 2024, por conta do retorno de chuvas volumosas, os preços de Q1/25 passaram a apresentar nova queda. Por outro lado, os preços de Q2/25 e 2º sem/25 “andaram de lado”, possivelmente, por conta da incerteza da continuidade e qualidade da precipitação ao longo dos demais meses do período.
Como qualquer frustração de chuvas ao longo de janeiro, fevereiro e março podem impactar nos preços de Curto Prazo e nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas ao final do período úmido, os preços de Médio Prazo ainda podem demorar um pouco a ceder. Os produtos de Longo Prazo (2026, 2027 e 2028) acompanharam os comportamentos dos produtos de Médio Prazo, embora com menor volatilidade.
O PLD médio de dezembro ficou em:
- Sudeste/Centro-Oeste: R$ 64,80/MWh
- Sul: R$ 64,80/MWh
- Nordeste: R$ 64,80/MWh
- Norte: R$ 64,80/MWh.
Previsão de Chuvas
Do ponto de vista climatológico, o mês de janeiro é marcado chuvas volumosas sobre as principais bacias do SIN, incluindo a região onde se encontrar os reservatórios das hidrelétricas (cabeceiras dos rios Grande, Paranaíba, São Francisco e Tocantins).
Até então, as áreas de precipitação têm ficado ao norte da posição climatológica, como vimos no início deste relatório. Já as previsões de alguns dos principais modelos meteorológicos (GFS e ECMWF) indicam uma possível redução da regularidade e frequência de chuvas sobre as áreas de reservatório ao longo da segunda quinzena de janeiro, cenário que pode se estender até o início de fevereiro.
No entanto, mesmo que esse cenário se confirme, as expectativas são otimistas para a hidrologia, com janeiro podendo fechar entre 90 e 100% da MLT para o subsistema SE/CO. Por outro lado, a incerteza permanece sobre a qualidade das chuvas e a capacidade de recuperação da energia armazenada nos reservatórios, mas que tem apresentado replecionamento nas últimas semanas.