Pontos Principais
BNDES amplia financiamento para a produção de biocombustíveis. Projetos de novas plantas para etanol de milho e biometano, especialmente no Sul e Sudeste, ganham destaque. Ao mesmo tempo, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial busca novas rotas para a produção de SAF.
Setor se torna prioridade para o BNDES
Os biocombustíveis nunca estiveram tão em alta. Do biodiesel ao SAF, o combustível sustentável de aviação, um leque de soluções vem ganhando força para que o mundo possa atingir ambiciosas metas de descarbonização até 2030, reduzindo em 75% as emissões do setor de energia.
O Brasil, que tem batido recordes de geração de energia limpa, pretende se destacar nessa corrida. De olho na agenda verde, a Câmara dos Deputados aprovou recentemente a Lei do Combustível do Futuro, que estabelece metas e diretrizes para a produção de biocombustíveis. Ao mesmo tempo, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou a ampliação de linhas de financiamento para o setor, que se tornou prioritário.
Fonte: BNDES
Em 2023, foi autorizada a liberação de R$ 2,6 bilhões para a produção de biocombustíveis, 25% a mais do que em 2022. “Neste ano, esse valor será superado, já que a área de combustível alternativo é uma prioridade”, diz José Luis Gordon, diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, em entrevista ao Czapp. De modo geral, o BNDES tem aumentado a liberação de recursos, inclusive para outros setores, entre eles o agronegócio e a indústria em geral. Mas o destaque vai mesmo para os biocombustíveis.
Fonte: BNDES.
O banco trabalha com algumas linhas de financiamento para o setor de biocombustíveis, como o Finem, Finame e RenovaBio (este, desde 2021). Em relação ao RenovaBio, já foram aprovadas 13 operações (só em 2023, o BNDES autorizou a liberação de R$ 744 milhões). O objetivo é incentivar a certificação da produção de biocombustível, como etanol e biometano, e reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
Fonte: BNDES.
Vários projetos estão sendo direcionados à fabricação de etanol e biometano, especialmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul. “Temos recebido muitos produtores de etanol de milho interessados em aumentar a produção, com destaque para aqueles localizados no Sul do país”, diz Gordon.
No ano passado, o banco aprovou um financiamento de R$ 729,7 milhões para um projeto de construção de uma fábrica de etanol de milho e trigo da empresa Be8 no Rio Grande do Sul. A expectativa é que a capacidade de produção seja de 209 milhões de litros por ano, com base em um processamento de 525 mil toneladas de grãos.
Outra empresa contemplada com financiamento do BNDES foi a Biooo Holding, controlada pela Cótica Energia. Cerca de R$ 157 milhões deverão ser utilizados para a construção de uma usina de biometano em Triunfo, no Rio Grande do Sul. Também no setor de biometano, foram liberados R$ 93,8 milhões para uma planta da Essencis na cidade de Caieiras, em São Paulo, cuja produção deverá ser comercializada por empresas como a Ultragaz e Neogás.
SAF
O país tem investido também em pesquisas para produção de SAF. No setor público, a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) fechou uma parceria com UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Petrogal, empresa de energia, para desenvolver uma rota de produção de SAF. O projeto conta com recursos da ordem de R$ 21 milhões.
Fonte: IATA.
“A ideia é produzir etanol a partir do hidrogênio verde, que é uma das apostas do Brasil em combustíveis alternativos e, partir daí, fabricar SAF”, diz Marcelo Prim, presidente da Embrapii. “O SAF é feito de hidrocarbonetos, presentes no hidrogênio. A questão é encontrar uma forma de fabricar em escala com custo acessível”, explica.
A pesquisa deve levar alguns anos – até lá, a expectativa é que o Brasil esteja mais bem posicionado na corrida mundial pela descarbonização, com novas plantas em funcionamento e maiores incentivos ao setor.