Pontos Principais
- Safra 2023/24 fecha com o ATR a BRL 1,2028.
- O preço do ATR é o mais alto já registrado e 3% acima da safra 2022/23.
- Apesar da queda do preço do açúcar, em 2024/25 ainda esperamos um valor alto do ATR.
Safra 2024/25: Avisamos, não?
Nosso relatório em fevereiro, onde nossa projeção na época apontava para um ATR recorde “assustou” alguns participantes no mercado – recebemos um volume acima do normal de e-mails sobre o tema. Mas a projeção vinha com um “aviso”:
Quando rodamos a expectativa em fevereiro, nossa projeção de preços de açúcar para 2024 era mais otimista.
Mas desde então alguns fatores pesaram no preço do açúcar No.11 (bruto NY):
- Índia com mais produção que o esperado, pressão para o governo liberar exportações.
- Especuladores fora do mercado e ainda esperando uma notícia para se posicionar – contra ou a favor.
- Prêmio Branco (bruto vs. refinado) pressionado por mais açúcar da Europa.
- Oferta e demanda em maior equilíbrio.
Portanto, com a nova expectativa de preços de açúcar e etanol nossa projeção de ATR acumulado para março de 2025 fica em BRL 1,2161. Sim, uma grande queda, mas melhor calibrar o modelo de acordo com o ambiente de mercado atual que ficar preso em uma visão.
E como sempre, lembrando que todo mês revisamos nossa curva e publicamos aqui no Czapp. Fique à vontade para mandar sua opinião ou sugestão.
Safra 2023/24: Recapitulando
O valor acumulado do kg do ATR da safra fechou em linha com nossa estimativa inicial (lá de abril de 2023), ficando em BRL1,2028.
Relatório completo disponível na sessão de dados interativos
Mas devemos admitir que foi uma grande jornada, a safra 2023/24. Nossas estimativas são revisadas todo mês, e dependendo da visão de preços a curva também varia.
No gráfico abaixo, mostramos a evolução da nossa projeção do preço do ATR acumulado de março 2024 vs. o realizado. Começamos bem, mas em julho as variáveis apontavam para um ATR de final de safra bem mais alto.
No meio do ano passado, achávamos que o preço do etanol fosse reagir, o que infelizmente não aconteceu. Entre os fatores que explicam a pressão no preço do biocombustível:
- Apesar da mudança no ICMS da gasolina, houve também mudança no ICMS do etanol que limitou aumento de preço sem impactar a competitividade.
- O preço do etanol ficou baixo, levando a uma paridade abaixo de 65% já em julho, mas a demanda não respondeu.
- Em anos anteriores, com paridades até acima de 65% o market share do hidratado já teria aumentado.
- Além da demanda fraca, uma oferta 40% maior de etanol de milho contribuiu para estoques mais pesados.
- Em suma, a expectativa que tínhamos de a demanda enxugar o mercado não se concretizou ao longo da safra resultando em preços de etanol menores.
E apesar do No.11 ter sido consistente ao longo da safra passada, o que também contribuiu para variação nas projeções do ATR foi a expectativa de câmbio.
Não projetamos câmbio, portanto usamos a curva divulgada pelo Banco Central. Em junho, a média de safra apontava para um cambio acima de 5 USD/BRL. Mas o realizado ficou bem abaixo, em 4,94.