Pontos Principais
- Assim como outros mercados, o setor de fertilizantes teve uma alta histórica desde o começo do ano;
- Resultado de atrasos na cadeia logística, questões geopolíticas e a escassez de matérias-primas.
- A consequência é vista diretamente nos custos de produção do setor agro.
Sem surpresas
- Como comentamos no último relatório de custo de produção , vemos uma inflação de custos em toda cadeia sucroenergética.
- Temos a alta do açúcar e etanol encarecendo o preço da cana.
- E mais diretamente, o preço dos insumos e combustíveis (diesel em especial) encarecendo por causa do cenário macro.
- Neste relatório vamos nos aprofundar em um dos produtos que mais encareceram neste último ano: os fertilizantes
O porquê da subida?
- Tivemos uma combinação de três fatores para o preço dos fertilizantes explodirem: câmbio (depreciação do Real), aumento do frete marítimo e a quebra na oferta de algumas matérias primas.
- Começando pelo câmbio:
- O Real apresentou uma desvalorização ante o Dólar de 3.5% em relação a 2020, comercializado a uma média anual de 5.35 BRL/USD.
- Como grande parte da matéria prima para a produção dos fertilizantes é importada, o câmbio desvalorizado afetou significativamente o preço final aos produtores.
- Do lado logístico, o frete marítimo sofreu uma alta generalizada.
- Por exemplo, a loucura da pandemia e a corrida dos países em garantir matérias primas levou à uma escassez de containers.
- O frete de container saiu da casa dos 2 mil USD/TEU para mais que 10 mil USD/TEU.
- Outro fator foi a quebra da oferta de potássio.
- Diferente do que muitos imaginam, não é um problema de escassez da matéria prima e sim geopolítico:
- Os EUA bloquearam as importações da Bielorrússia, que possui uma participação de 1/4 da produção mundial de cloreto de potássio
- Cerca de 30% do cloreto de potássio importado do Brasil é da Bielorrússia.
- Isso criou um buraco na oferta e consequentemente a disparada do preço.
- Por último, o nitrogênio.
- Este insumo também sofre uma quebra de disponibilidade.
- Um dos motivos de sua escassez é a crise energética chinesa. – para mais informações sobre este tópico acesse aqui
- O preço do gás natural (cotado na bolsa Inglesa), um dos principais insumos para produção de nitrogênio, subiu 5000% desde maio de 2020
- E obviamente os fertilizantes nitrogenados no Brasil não escaparam:
- O MAP, fertilizante mineral que contém fosforo e nitrogênio, subiu 93% – saiu dos 415 USD/ton no início do ano para o preço atual de 750USD/ton.
E como Impacta a Cana?
- Com preço em níveis recordes muitos produtores estão substituindo e/ou racionando alguns fertilizantes.
- Eles estão aplicando menos fertilizantes nitrogenados, como o adubo e substituindo por torta de filtro – um importante resíduo da indústria de açúcar e álcool.
- mas ainda assim, nem fazendeiros nem usineiros conseguem fugir da alta de preços.
- Os custos agrícolas correspondem a aproximadamente 62% do custo total de produção de açúcar
- Mas dentro do custo dos insumos usados no trato do canavial, os fertilizantes têm um peso de mais de 50%.
- Com o aumento do preço da cana, dos insumos e desvalorização do Real, o custo médio de produção de açúcar no CS subiu cerca de 20% da safra passada para esta, ficando por volta de R$1500/ton.
- Conversando com pessoas próximas ao setor de fertilizantes, a sensação é que o cenário não deva se normalizar no curto prazo.
- Muitos apostam que o choque de oferta deva durar pelo primeiro trimestre de 2022 – acendendo a luz de atenção para a segunda safra de milho, a maior do país.
- Portanto, é esperado que os preços de fertilizantes continuem elevados, encarecendo as operações…
- O foco por enquanto vai continuar sendo o controle de custos.
- Nos resta monitorar como o canavial vai responder na safra 22/23 com potenciais reduções nos tratos culturais…
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