Pontos Principais
- Centro Sul (CS) do Brasil irá moer mais cana em 2023 do que em 2022.
- O novo governo Lula deve fazer mudanças na política de preços e tributos de combustível.
- As usinas do CS Brasil provavelmente maximizarão a produção de açúcar no próximo ano.
O Centro-Sul do Brasil é a maior região produtora de cana-de-açúcar do mundo. Também exporta a maior parte do açúcar para o mercado mundial. O que acontece aqui é, portanto, crítico para os preços do açúcar.
A safra atual da cana está terminando. As usinas alocaram 45,6% da cana para a produção de açúcar esta safra e produzirão cerca de 32,5 milhões de toneladas de açúcar. Mas e no próximo ano?
As fortes chuvas durante o final da moagem de 2022 podem resultar em um alto volume de cana bisada, ajudando a próxima safra a começar mais cedo. Isso significa que a moagem em 2023 pode ser maior que a deste ano, alcançando cerca de 570 milhões de toneladas.
Embora a moagem de cana seja maior ano a ano, a mudança de governo da administração Bolsonaro para Lula pode resultar em mudanças no mix de produção das usinas.
Cenário pessimista para etanol
Os altos preços da gasolina este ano prejudicaram os consumidores brasileiros. Para tentar reduzir o custo de vida, o governo Bolsonaro fez várias mudanças nos impostos sobre os combustíveis. Isso resultou em preços mais baixos da gasolina, o que significa que os motoristas estavam mais propensos a abastecer seus carros com gasolina do que com etanol. As vendas de etanol em 2022/23 foram, portanto, decepcionantes.
No entanto, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumir a presidência em janeiro, todas essas mudanças tributárias poderão ser revisadas. Lula já sinalizou que os limites do ICMS (estadual) sobre combustíveis e a política de preços da gasolina vão mudar. Além disso, a isenção do imposto federal para o combustível, que termina em dezembro, provavelmente não será estendida para o ano que vem. Lula precisa de arrecadação de impostos se quiser cumprir a maior parte das promessas feitas durante sua campanha presidencial.
Ex-mill hidratado por litro
Dados todos os cenários que rodamos, acreditamos que o mais provável de ocorrer seja algo próximo ao cenário V. No entanto, resta saber quando essas mudanças entrarão em vigor…
Porém, no cenário V as usinas precisarão lidar com preços de etanol abaixo do custo de produção e o mercado de açúcar poderá ter um novo patamar de suporte…
Maximizando a alocação para açúcar mais uma vez
Mesmo com tantas incertezas para o etanol, parece provável que 2023 não seja um ano favorável para o biocombustível. As usinas no CS do Brasil devem, portanto, maximizar a produção de açúcar mais uma vez.
A recente valorização do No.11 e a desvalorização do real trouxeram retornos de açúcar acima de R$ 2.300/tonelada. Nesse nível, vimos as usinas se tornando mais ativas no hedge do açúcar e até comprometendo volumes maiores do que no mês passado – sugerindo que, nesse nível de preços, elas estão dispostas a abrir mão da flexibilidade para garantir retornos.
Achamos que isso significa que as usinas no CS do Brasil podem produzir até 34,7 milhões de toneladas de açúcar no próximo ano, 2,2 milhões de toneladas a mais do que este ano e o máximo em três anos.
Com mais cana para moer e uma mistura mais voltada para o açúcar, uma quantidade maior de açúcar bruto brasileiro do Centro-Sul deve estar disponível também no início da temporada. Isso significa 15% a mais de disponibilidade de matéria-prima do CS Brasil no segundo trimestre de 2023.