Pontos Principais

Os EUA colocaram na lista negra a gigante chinesa de transporte marítimo COSCO por supostos laços militares. Embora não imponha sanções diretas, essa medida pode transformar o transporte marítimo global, beneficiando rivais europeus e impulsionando a diversificação da cadeia de fornecimento. Ela marca uma nova frente na guerra comercial EUA-China sob o governo do presidente Trump. 

COSCO, a gigante chinesa de transporte marítimo foi colocada na lista negra do Departamento de Defesa dos EUA, junto com várias outras empresas chinesas de transporte marítimo, por supostos laços com o Exército de Libertação Popular (ELP).

Navio da COSCO

Embora esta lista do Pentágono não imponha sanções diretas ou restrinja as operações destas empresas no comércio global, pode certamente desencorajar as empresas norte-americanas de se envolverem com elas, já que Washington as classifica como entidades vinculadas ao exército.

De forma mais significativa, esta medida sinaliza uma clara intenção do governo dos EUA de visar a indústria naval da China, criando obstáculos e limitando a sua influência crescente no comércio marítimo global.

Outras grandes empresas chinesas no setor de transporte marítimo indicadas na lista negra incluem:

  • China State Shipbuilding Corp (CSSC): O maior construtor naval do país.
  • China National Offshore Oil Corporation (CNOOC): Um importante explorador de petróleo offshore.
  • China International Marine Containers (CIMC): O maior fabricante de contêineres do mundo.
  • China Communications Construction Group: Um grande construtor de portos globais.
  • Sinotrans & CSC Holdings: Um dos maiores armadores da China.

Esta é a mais recente de uma série de ações dos EUA visando a COSCO. Em 2019, Washington sancionou brevemente os petroleiros da empresa por transportar petróleo iraniano, desencadeando um pico nas taxas de Very Large Crude Carrier – VLCC (navios petroleiros de grande porte) para US$ 200.000/dia.

Visão Geral da Lista Negra do Departamento de Defesa dos EUA

Implicações Estratégicas e Econômicas

1. Logística Militar e Expansão Portuária Global 

Os laços da COSCO com os militares chineses levantam preocupações sobre seu uso potencial para logística militar, particularmente em cenários envolvendo Taiwan ou disputas regionais. Sua rede portuária global em expansão também pode se tornar um ponto focal para escrutínio geopolítico, especialmente se a China usar o controle portuário para influenciar a segurança marítima e as rotas de transporte marítimo.

O Papel da China no Canal do Panamá

2. Mudanças no Mercado de Transporte Marítimo

As empresas dos EUA podem buscar alternativas à COSCO e outras empresas chinesas de transporte marítimo na lista negra, beneficiando os rivais europeus da COSCO, como MSC, Maersk, CMA CGM ou Hapag-Lloyd. Isso pode levar a um realinhamento das quotas de mercado globais, com empresas não incluídas na lista negra ganhando uma posição mais forte no comércio dos EUA.

3. Diversificação das Cadeias de Fornecimento

Os EUA estão aumentando as tensões comerciais com a China, pressionando por uma redução na dependência das operações portuárias e de transporte marítimo chinesas. Isso pode acelerar os esforços de diversificação da cadeia de fornecimento, levando as empresas a explorar rotas alternativas de transporte marítimo e soluções de logística doméstica.

4. Operações no Mar Vermelho e Vantagem Competitiva

Relatos de uma possível parceria China-Houthi introduzem complexidade adicional. Se a COSCO puder manter uma passagem segura pelo Mar Vermelho, ela ganharia uma vantagem competitiva ao evitar redirecionamentos custosos pelo Cabo da Boa Esperança. Tempos de trânsito mais rápidos e custos mais baixos com combustível podem tornar a COSCO uma transportadora preferencial para o comércio Ásia-Europa-África, pressionando os concorrentes que serão forçados a tomar rotas mais longas e caras.

Impacto do Redirecionamento do Mar Vermelho para os Navios

No entanto, o recente cessar-fogo entre o Hamas e Israel pode mudar a dinâmica na região, restaurando potencialmente as operações normais no Mar Vermelho mais rapidamente do que o inicialmente esperado.

EUA Pretendem Limitar o Domínio Comercial da China

À medida que as tensões comerciais aumentam, Washington está enviando uma mensagem clara: pretende reduzir a dependência da logística marítima chinesa, particularmente em regiões-chave como Europa, África e Américas. Os últimos desenvolvimentos sugerem que uma nova frente na guerra comercial EUA-China pode estar surgindo — uma que está se desenrolando nos oceanos do mundo.

É amplamente conhecido que o novo presidente dos EUA, Donald Trump, está determinado a impor tarifas pesadas sobre as importações chinesas, em um esforço para limitar o domínio comercial do país.

Source: UN Comtrade

De forma mais ampla, o esforço da administração Trump para reduzir a influência da China no setor de transporte marítimo global está se tornando cada vez mais evidente. De novas tarifas e jogos de poder sobre o controle do Canal do Panamá à lista negra de grandes empresas marítimas chinesas, essas ações sugerem uma tendência crescente — uma que pode aumentar ainda mais nos próximos meses da presidência de Trump.

Antonis Karamalegkos

Antonis Karamalegkos is a journalist with expertise in the shipping industry, specialising in diverse sectors such as the freight rate market, port industry, liner services, shipping digitalisation, shipping decarbonization and bunker market, among others. Antonis holds two bachelor's degrees, one in Economics from Athens University of Economics and Business in Greece, and another in Journalism from the Aegean College in Athens, Greece.
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