Pontos Principais
As chances de uma La Niña no segundo semestre do ano aumentam cada vez mais. No Brasil, a região Sul costuma ser a mais afetada. Os produtores de grãos estão ficando preocupados.
As chances de um La Ninã este ano estão crescendo.
Atualmente estamos num período de neutralidade entre El Nino e La Niña, mas nos próximos meses a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) espera que a probabilidade de La Niña aumente. Eles avaliam as chances de um La Niña durante o período de setembro/outubro/novembro em mais de 80%, atingindo uma probabilidade máxima entre novembro de 2024 e janeiro de 2025.
O fenômeno La Niña é caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico, o que impacta diretamente o clima observado em diversos países do mundo. O último La Niña ocorreu entre julho de 2020 e fevereiro de 2023.
No Brasil, todas as regiões são afetadas de maneiras diferentes, tornando difícil prever o impacto e a intensidade com que cada estado será afetado.
E Como Isso Afetará a Safra de Grãos?
O cultivo de soja e milho (1ª safra) no Brasil começa em meados de setembro. Com isso, a planta se desenvolverá com o La Niña já presente, trazendo consequências para as lavouras dependendo da região.
A região mais afetada deve ser o Sul do Brasil, onde o fenômeno normalmente ocorre com mais intensidade. Os produtores dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul devem se preparar para fortes períodos de estiagem durante o cultivo de grãos, que se desenvolverá com chuvas e temperaturas abaixo da média. O mesmo pode ser observado nas plantações da região Sudeste, de forma mais amena.
Para o Centro-Oeste – região líder na produção de soja – o La Niña tende a ter impacto mais brando, sendo comum o atraso do período chuvoso nos estados da região. Assim, com 80% de probabilidade de La Niña nos meses de setembro/outubro/novembro, o cultivo de grãos poderá ser marcado pela falta de chuvas nos primeiros meses de crescimento das plantas, o que pode ter impactos significativos na produtividade.
O Outro Lado Da Moeda
Apesar das preocupações com o La Niña, alguns fatores podem acabar aliviando a situação para os produtores brasileiros.
Diferentemente da região Sul do país, o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) costuma ter chuvas acima da média durante o La Niña, fator que pode ser benéfico para a produtividade da região na safra 2024/25, após forte seca no temporadas passadas. A região responde por 11% do volume de produção nacional de grãos, portanto um aumento na produtividade pode ajudar a equilibrar as possíveis perdas na região Sul.
Além disso, espera-se que o fenômeno auxilie o transporte hidroviário no Arco Norte das regiões Norte e Nordeste do Brasil, aumentando os níveis das hidrovias. Os portos do Arco Norte são de grande importância para o escoamento de grãos, sendo responsáveis por, em média, 25% do volume de milho e soja destinados à exportação. Com o aumento do nível da água nas hidrovias, poderemos ver mais fluxo de grãos na região, o que deve ajudar a reduzir a pressão logística sobre os portos do sudeste do país.
Por fim, o fenômeno tende a aumentar os preços dessas commodities, uma vez que o estresse hídrico durante a safra aumenta a incerteza do mercado quanto à oferta de grãos, o que também poderia estabilizar a margem de retorno do produtor.
Com o La Niña se aproximando, acompanhe as chuvas nas regiões produtoras de grãos em nosso painel climático :