Pontos Principais
As tensões no Golfo aumentaram significativamente nos últimos dias. Enquanto isso, os preços do petróleo se acalmaram. No entanto, sabemos que isso pode mudar a qualquer momento. Neste relatório, você vai entender o que significa se o barril atingir US$ 100 e como isso pode afetar a produção de açúcar do CS Brasil.
As tensões entre Irã e Israel disparam esta semana. Os preços do petróleo, nem tanto – pelo menos não como quando a guerra entre Rússia e Ucrânia começou.
Fonte: Bloomberg
O Irã é atualmente o 9º produtor de petróleo, é apenas o 52º exportador mundial – dados de 2022. Enquanto isso, a Rússia é o 2º exportador mundial, explicando por que a guerra russa teve um impacto maior nos preços do petróleo.
Fonte: OEC
Ainda assim, quaisquer tensões na região podem aumentar rapidamente e, em consequência, os preços do petróleo podem subir novamente. O mercado caiu um pouco e os especialistas estão céticos de que o conflito possa empurrar os preços do petróleo acima de US$ 100/barril.
Dito isso, em um ambiente onde temos segundos para tomar uma decisão, é bom entender a dinâmica por trás das variáveis de mercado. Ainda assim, no momento, achamos difícil que a guerra no Golfo se reflita nos preços do etanol no Brasil.
Primeiro, a Petrobras
A Petrobras produz mais de 80% da gasolina brasileira. Isso significa que a empresa é uma formadora de preços e, portanto, é uma referência para os preços da gasolina doméstica – os 20% restantes do mercado devem seguir o fluxo ou perder share.
Fonte: ANP
Isso não foi um problema em 2017, quando a empresa começou a seguir os preços internacionais como referência, o que significou que a concorrência era um pouco mais justa – podemos ver outros players se tornando mais ativos na importação de gasolina.
Com a mudança no governo brasileiro, a direção da empresa também mudou. O objetivo não é mais preços internacionais, mas uma “referência de preço local”.
Mas mesmo com a nova política de preços anunciada, a pressão permanece para reajustar os preços sempre que a paridade fica muito negativa.
O que vemos é um retorno ao pré-2017, quando os reajustes eram feitos uma ou duas vezes por ano. O resumo é: não espere que a volatilidade externa seja refletida domesticamente.
Na próxima sessão vamos conectar os pontos, fique comigo…
A Conexão Entre Etanol, Gasolina e Açúcar
Por que, você pode perguntar, um conflito no Oriente Médio seria importante para decisões de mix de produção no Brasil. O resumo é:
Um aumento nos preços da gasolina significa que o etanol também pode subir sem perder sua competitividade. Portanto, quaisquer reajustes causados por preços mais altos do petróleo beneficiariam o etanol e o empurrariam para mais perto dos preços do açúcar – a chamada paridade do açúcar.
Essa dinâmica é atualizada diariamente em nossa sessão de Business Intelligence.
Se os preços do etanol tiverem um retorno melhor, então os produtores ajustarão o mix de produção em direção ao etanol – reduzindo o mix de açúcar. Isso foi visto tanto em 2018/19 quanto em 2019/20 – coincidindo com a mudança na política de preços da Petrobras, forte mercado de petróleo e baixos preços do açúcar.
No entanto, a paridade para o açúcar é atualmente de 800 pontos. Isso seria igual a um etanol acima de R$ 4,2/litro (base PVU sem impostos), o que seria um aumento de 70% em relação aos valores atuais – muito improvável de acontecer.
Olhando de outro ângulo, para que você possa ter um número na cabeça, se os preços do petróleo atingirem US$ 100/barril (e se, e somente se, a Petrobras fizer um ajuste de preço), nesse nível o etanol estaria a 18 c/lb base No11.
Então, a menos que isso aconteça com os preços do etanol, combinado com uma queda também no açúcar, o setor continuará a maximizar a produção de açúcar.