Pontos Principais
Espera-se um volume recorde de fusões e aquisições no Brasil neste ano. Isso se deve aos fortes ativos atualmente à venda e aos leilões de energia previstos para o final deste ano. A expansão das energias renováveis e os acordos atraentes de linhas de transmissão deverão impulsionar este crescimento.
Incerteza Econômica Impulsiona M&A de Energia
O ano começou animado para o mercado de energia. O banco USB acaba de lançar um levantamento no qual prevê recorde de investimentos em M&A no setor. Cerca de R$ 50 milhões deverão ser investidos em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, 10% a mais que em 2024, segundo o banco.
Na avaliação do banco, especialmente no setor de energia hidrelétrica existem bons ativos que vêm chamando a atenção de grandes empresas. Um exemplo recente foi a compra, pela francesa EDF, de 70% da hidrelétrica do Baixo Xingu, no Paraná, por R$ 1,43 bilhão.
O movimento em direção à consolidação do mercado é explicado em grande parte pela busca dos grandes investidores por ativos estáveis e com crescimento previsível em um momento de incerteza econômica no Brasil, com preocupações com a inflação e a política fiscal. Ao mesmo tempo, o dólar forte torna os ativos brasileiros mais atrativos.
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Fonte: Banco Central
Brasil Precisa de Energia
A expansão do consumo de energia no Brasil e a necessidade de aumento da capacidade instalada também têm motivado grandes empresas a analisarem com mais cuidado as ofertas de aquisição de ativos do setor.
“Há bons ativos em um setor de alta demanda, o que despertou o apetite do mercado”, afirma Alexandre Viana, CEO da consultoria Envol. O consumo de energia cresceu 10% somente entre 2019 e 2023, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). O consumo de eletricidade deverá crescer em média 2,1% ao ano até 2034, estima a EPE.
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Fonte: EPE
Mas há gargalos de infraestrutura, principalmente na rede de transmissão de energia, que devem ser superados. Muitas deficiências estão relacionadas com questões regulatórias e atrasos em novos projetos de linhas de transmissão. As fusões e aquisições podem ajudar a resolver algumas dessas questões através de um maior investimento na modernização da infraestrutura.
A expansão do setor, impulsionada pela consolidação, deverá também ajudar a distribuir de forma mais eficiente o crescente volume de energia renovável produzido. A produção de energia solar aumentou 657% somente entre 2019 e 2023, segundo a EPE.
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Fonte: EPE
Energia Renovável Também Atrai Capital
Não é de surpreender que o setor das energias renováveis também esteja em fase de consolidação, num movimento que deverá continuar no futuro.
Na última década, as fusões e aquisições do segmento atingiram quase R$ 50 bilhões, segundo a consultoria Cela (Clean Energy Latin America), e devem continuar crescendo, embora em ritmo mais lento que a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
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Fonte: Clean
Mudanças legais nas regras de remuneração da geração distribuída e da produção elétrica em pequena escala contribuíram para a queda dos investimentos em 2023. Mas deve haver uma retomada dos investimentos neste ano, com o mercado mais adaptado às mudanças.
Projetos relacionados à geração distribuída e novos combustíveis, como o hidrogênio verde, favorecido pela Lei do Combustível do Futuro, entraram no radar. Aprovada em setembro do ano passado, a legislação oferece incentivos à produção de hidrogênio e outros biocombustíveis.
“Devemos começar a sentir mais fortemente o impacto positivo da Lei do Combustível do Futuro e do aumento da demanda energética”, afirma Camila Ramos, CEO da Cela.