Pontos Principais
- A combinação das safras de milho, soja e açúcar neste ano pode resultar em problemas logísticos para o Centro-Sul do Brasil.
- O fluxo de exportação de açúcar pode ser limitado a 2,6 milhões de toneladas/mês.
- Aumento nos fretes de caminhões também é esperado.
O Centro-Sul (CS) do Brasil será a principal origem de açúcar este ano, e qualquer problema com a com o fluxo pelos portos brasileiros pode apertar ainda mais um Trade Flows já deficitário.
Como mencionamos em nossa revisão de safra para 2023/24, não importa se o CS Brasil produzir mais de 36 milhões de toneladas se esse açúcar não puder ser exportado
Os terminais portuários que operam açúcar também elevam grãos. E devido ao fluxo das exportações de grãos e açúcar, ocorre uma sobreposição de ambos os produtos que pode impactar não só na operação de carregamento nos navios como também na descarga nos terminais.
Calculamos que as exportações mensais de açúcar do CS Brasil serão limitadas a cerca de 2,6 milhões de toneladas. Qualquer volume nomeado acima desse limite rolará para o próximo mês, criando enormes filas de navios e aumentando o tempo de espera para atracar – como no ano passado.
Safras Recorde
Para este ano, espera-se uma safra recorde para milho e soja, e a segunda maior para açúcar. O milho deve crescer 10%, a soja 21% e o açúcar 8%.
Fonte: Conab, Czapp
Por onde sai do Brasil
O principal produtor de milho do Brasil é o estado de Mato Grosso (MT), com 31% da produção seguido pelo Paraná (PR) com 13%. Porém, apesar da distância de 2000km entre MT e Santos, mais de 30% do milho é exportado por este porto.
O mesmo vale para a soja, com MT produzindo 33% do total de soja seguido de Goiás (GO) com 14%, e mais de 30% exportado via Santos
Chegar ao Porto Também Pode ser um Problema
A maior parte das exportações de soja ocorre entre março e junho (70%) enquanto a maior parte das exportações de milho entre julho e novembro (75%). Isso coincide com o período da safra de açúcar do CS Brasil.
Os terminais de Santos recebem açúcar e grãos por trens e caminhões. A concorrência, então, impacta no frete rodoviário e na alocação de vagões entre açúcar e grãos.
Nos últimos anos, vimos um aumento no transporte de grãos por trens para Santos, com a participação do açúcar caindo de 30% para 25% no ano passado.
Fonte: ANTT
Uma redução dos vagões destinados ao açúcar pode atrasar o fluxo do interior para os terminais portuários, forçando a busca por alternativas como caminhões e resultando em um aumento do frete rodoviário. Eventualmente, os preços do frete podem subir a ponto de impactar na paridade de açúcar e etanol para os estados de fronteira.