Pontos Principais
- A gasolina cara para os motoristas pode ser explicada principalmente por dois fatores: (i) petróleo alto e (ii) Real enfraquecido.
- Apesar da alta, o etanol anidro representa uma parcela pequena na composição de preços, não sendo o vilão da história.
- Resumidamente, estamos à mercê do mercado internacional em nossos carros
Componentes
- Antes de explicar a alta dos preços da gasolina, é importante entender o que compõe seu preço.
- Depois podemos olhar quais as partes que variaram mais ultimamente, ou seja, o que mais impactou no preço final aos consumidores.
Todos Precisam de um Slogan
- Não, a gasolina não está a BRL7/litro em São Paulo.
- Toda semana a ANP divulga uma pesquisa de preços nos postos do estado de São Paulo na qual mostra a média, e preços mínimos e máximos.
- E até agora a máxima não atingiu os tão falados 7 reais.
- Claro, a pesquisa não contempla os mais de 8 mil postos do estado, mas ainda assim não podemos afirmar que a média de preços da gasolina está nesse patamar.
- A gasolina tem incidência de dois tributos federais e um estadual: a CIDE, o PIS/COFINS e o ICMS respectivamente.
- A grande variedade de preços entre os estados se dá por conta da diferença praticada no ICMS.
ICMS é o Vilão?
- O ICMS em São Paulo é de fato um dos menores do país, em 25%.
- Já o campeão mais alto fica com o Rio de Janeiro com 34%.
- Essa diferença de alíquotas por estado é atualmente uma das plataformas do governo, pedindo pela equiparação dos estados.
- Mas não, o imposto não é o vilão da subida de preços.
- Afinal poucos estados aumentaram o ICMS no último ano – exceção para o estado de São Paulo que preferiu subir o ICMS do etanol ao invés da gasolina, indo na contramão de políticas pró meio ambiente.
Anidro
- Lembrando que atualmente toda gasolina comum nacional contém 27% de anidro em sua composição – percentual mantido desde 2015.
- Apesar de ter peso de 17% na composição total de preços da gasolina, não há como negar que a alta de etanol este ano contribuiu para o aumento de preços na bomba.
- O preço spot do anidro, de acordo com o índice Esalq, está R$3.8/litro – alta de 87% em relação ao ano anterior.
- Mas a maior parte (cerca de 90%) do volume de anidro é vendido contra contratos, que determinam um prêmio do anidro sobre o preço do etanol hidratado.
- E após cerca de 4 safras com um prêmio baixo, os estoques apertados deste ciclo permitiram negociações mais altas com a média de prêmio ficando perto de 14%.
- Mais um fator de alta de preços.
Gasolina
- Apesar de seu plano de desinvestimento, a Petrobras ainda é responsável por mais de 90% do refino da gasolina no país.
- Dito isto, a empresa é formadora de preços e segue uma fórmula própria para determinar o patamar de preços que são reajustados conforme variação de cambio, petróleo, gasolina internacional e até mesmo (de acordo com eles) market share de mercado.
- Após baixas históricas ano passado, por conta do impacto na demanda causado pela pandemia, o preço do petróleo vem se recuperando desde então – alta de 83% no último ano.
- De cortes na oferta feitos pela OPEP a otimismo com a aplicação das vacinas ao redor do mundo, o barril hoje está em patamares acima do registrado pré-pandemia.
- Com a recuperação do petróleo, a gasolina internacional também subiu.
- Usando o EUROBOB como benchmark da análise, vemos que os preços do combustível também subiram para patamares de 2019 – alta de 88%.
- E como se não bastasse, o câmbio segue desvalorizado.
- Após bater a máxima histórica em termos nominais no início da pandemia, o câmbio ainda não voltou para patamares de antes.
- Com um câmbio desvalorizado, fica mais caro importar gasolina.
- E aí temos o resultado, câmbio alto, petróleo alto, gasolina internacional alta e uma companhia que mantem sua política de seguir um benchmark internacional (comum a todas as commodities e não comportamento exclusivo da Petrobras) mantém o preço da gasolina doméstica alta.
Resumindo
- Sim os impostos no Brasil são altos, mas isso não é novidade e não sofreram alterações no último ano a ponto de impactar o preço na bomba.
- Infelizmente, a alta dos preços do petróleo ocorreu ao mesmo tempo da maior desvalorização cambial.
- Com esta combinação, chegamos aos maiores preços já praticados nos postos do país.
- Uma reversão deste cenário depende de uma queda nas cotações de petróleo e/ou fortalecimento do Real.
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